Queres água? Traz o copo e vai à Cidade do Rock

Esta primeira edição do Rock in Rio Lisboa no Parque Tejo, a decorrer na segunda quinzena de junho, pretende assegurar o uso responsável da água, bem como a acessibilidade a este recurso por parte do público. A proximidade do festival ao rio Tejo, a disponibilização de bebedouros e a água utilizada para a rega do recinto foram aspetos cruciais a ponderar nas decisões da organização para garantir a sustentabilidade hídrica e o abastecimento eficiente.

A preocupação com a sustentabilidade no Rock in Rio tem se manifestado cada vez mais ao longo das suas edições, estando a avançar a passos largos mesmo dentro da organização, como sublinha Roberta Medina, vice-presidente do festival, a organização “tem um trabalho muito grande em termos de capacitação, formando as empresas que estão a trabalhar neste festival e que são mais de 300.”

No entanto, a mudança do recinto para o parque o Parque Tejo, traz desafios novos relativos ao uso e valorização da água, pelo que a organização formulou um plano com medidas que acomodam estas alterações, entre elas,  a proximidade do recinto ao rio e o alargamento deste em 30 000 m2. Uma das novidades neste Festival e, segundo  Marcus Batista – diretor de Comunicação das Águas do Tejo Atlântico -, em  quase todos os festivais realizados em Portugal, é a possibilidade de regar o recinto com água reciclada e segura, proveniente da  Fábrica da Água de Beirolas, evitando assim o gasto de água potável.

A relva é fundamental para minimizar o pó existente no recinto e melhorar a qualidade do ar no Festival que em conjunto com o parque das nações consome diariamente cerca de quatro milhões de litros de água. Esta água reciclada designada como Água+, devido ao seu valor acrescido em nutrientes tem ainda a vantagem de contribuir para a fertilização do solo, tendo começado a ser utilizada do recinto do Rock in Rio em 2018, ainda no Parque da Bela Vista.

Bebedouros por todo o lado

Outra das novidades do festival é a quantidade de bebedouros. Este ano foram distribuídos pelo recinto mais 80 do que na edição anterior, totalizando mais de 100 bebedouros localizados em áreas estratégicas, como as entradas, praça de alimentação e próximo das casas de banho, com a garantia de que todos os participantes se possam hidratar gratuitamente, para o conforto do público e para evitar o consumo excessivo de garrafas de plástico.

Um dos bebedouros disponibilizados no recinto

Alguns pontos importantes para o uso dos mesmos é levar a sua garrafa reutilizável, sendo esta permitida na entrada do recinto, porém sem a tampa ou o copo Rock in Rio 20 anos que pode ser adquirido em qualquer banca. A localização dos bebedouros encontra-se disponível nos mapas de uma forma destacada para melhor orientação. A disponibilização de bebedouros com água da rede distribuídos pelo recinto é uma medida muito elogiada pela generalidade dos festivaleiros, contudo, o recurso a torneiras não temporizadas ou sem com redutor de caudal, conduz a um consumo pouco responsável da água e a muito desperdício.

Rock nos Rios Tejo e Trancão

A 10.ª edição do festival é marcada pela mudança da localização do recinto, que passa a ocupar parte do Parque Tejo-Trancão, numa área que totaliza 39 hectares. Durante os dias do Rock in Rio, esta área passa a estar novamente acessível ao público, após as Jornadas Mundiais da Juventude e pronta para receber mais de 130.000 festivaleiros. Luz, som, novas infraestruturas e uma intensa atividade humana instalam-se na frente ribeirinha do Estuário do Tejo.

O palco principal é dos mais próximos ao estuário

A localização do recinto na frente ribeirinha do Estuário do Tejo, o maior estuário da Europa Ocidental, numa área de elevado valor ecológico da Rede Natura 2000 (Directivas Habitats e Aves), obriga a necessárias medidas de proteção, quer ao nível da preservação da biodiversidade, quer ao nível do combate à poluição (atmosférica e sonora), que poderão comprometer o bem-estar das espécies terrestres e marinhas que aqui habitam. Segundo Gabriela Cunha, analista da rede de sustentabilidade do RiR, uma das principais preocupações da organização é precisamente proteger este ecossistema ribeirinho, recorrendo a medidas que minimizem o impacto ambiental nesta zona. O envolvimento e capacitação de técnicos, operacionais, parceiros e voluntários conscientes e informados para as questões ambientais, o recurso a materiais reutilizáveis e biodegradáveis e a compensação das emissões de carbono associadas à realização do festival, são alguns dos aspetos que tornam o RiR num evento sustentável e merecedor da Certificação ISO 20121. 

Mas serão estas medidas suficientes para assegurar a proteção do ecossistema ribeirinho ou será prudente e sensato executar e pôr em prática um estudo de impacto ambiental, integrado e coeso adaptado ao contexto geográfico em que se insere?

 

Diogo Martins, Ester Gomes, Matilde Ho, Pedro Santos