A cada passo, uma nova paisagem

Os passadiços do Cerro da Candosa permitem desfrutar da paisagem imponente sobre o rio Ceira, no entanto, a sua utilização pode contribuir para um aumento de carga de turistas, pelo que se torna necessário utilizar estas estruturas de forma consciente para minimizar os impactos.

A região do Cerro da Candosa destaca-se pelas suas paisagens, existindo mesmo uma lenda urbana que conta a história de uma princesa e de um príncipe que se apaixonaram, mas por serem de reinos rivais encontravam-se às escondidas e quando foram apanhados morreram afogados, deixando um vestígio de rosas no rio Ceira.

Os passadiços do Cerro da Candosa foram criados com o objetivo de enaltecer a paisagem que há muito é motivo de orgulho dos residentes deste local. Estes passadiços são constituídos por 435 degraus espalhados por mais de 600 metros feitos de madeira que abrangem vários pontos desta região. 

Embora a intenção da sua construção tenha sido a de conseguir levar mais pessoas a visitar locais que dificilmente teriam acesso, os passadiços abrangem uma área com alguns habitats de animais, nomeadamente, o Falcão-peregrino (Falco peregrinus), causando desconforto a alguns membros da população. Este facto prende-se com o aumento de turistas e habitantes locais que se deslocam propositadamente para usufruir desta infraestrutura como uma atração turística, e respetivamente, o aumento de resíduos não biodegradáveis que são largados nesta infraestrutura. Outro aspeto preocupante apontado pelo próprio presidente da Freguesia António Machado, é o lixo não biodegradável que muitos visitantes podem deixar no local, além da estrutura feita de madeira que a torna bastante propensa a incêndios florestais, que tanto fustigaram esta região no ano de 2017.

O plano da expansão dos passadiços vai além, tendo em vista um alojamento local que irá ser inaugurado nos próximos meses, dando assim a oportunidade de lucro e de uma maior visão ao local que tanto enche de orgulho a região.

Com este projeto, a Freguesia tem expandido o turismo local, mas a questão que fica é a seguinte: “Será que a presença de visitantes em locais que devem ser preservados compromete a paisagem local?”.

Francisco Nascimento, Gonçalo Marques, Rafael Furtado, Rodrigo Teixeira, Filipa Tavares