A ISO – International Organization for Standardization é uma entidade de padronização e normatização criada em Genebra, na Suíça em 1947, o seu objetivo é promover o desenvolvimento de normas, testes e certificações, com o intuito de encorajar o comércio de bens e serviços. A ISO 20121 é uma norma elaborada com o objetivo de dar diretrizes e auxílio na organização de eventos, na esfera ambiental, social e económica, procurando garantir a sustentabilidade dos processos antes, durante e após o evento. O objetivo é estimular a geração de benefícios a todos os que se encontram envolvidos no evento em todas as questões, o que inclui responsáveis, organização, fornecedores, a comunidade e o ambiente.
A ISO 20121 no Rock in Rio não se apresenta como um mero rótulo que adorna a imagem do RiR, como sublinha a vice-presidente Roberta Medina: “E a ISO é muito importante, porque antes da ISO era um movimento ativista interno. Eram algumas pessoas que acreditavam, que corriam atrás e conquistaram outras pessoas para fazer a diferença. Quando a gente instala a ISO, a ISO tem uma coisa que eu gosto muito, que é que ela te obriga a evoluir. Qual é o seu compromisso de evolução? Você que diz, mas tem que evoluir.”
Neste sentido, a certificação exige planeamento e monitorização minuciosos, sendo também sensível às características intrínsecas ao festival e à sua localização. Como refere Gabriela Cunha, analista da rede de sustentabilidade, em relação às consequências da mudança para Parque Tejo “Já vieram fazer a certificação aqui, claro que eles levam em conta outras questões, como por exemplo aqui a gente trabalha mais com fauna, por exemplo, a vida marítima então eles provavelmente vão avaliar isso.”
Medidas já adotadas para minimizar o impacte ambiental
O festival continua a adotar um conjunto alargado de medidas de sustentabilidade ambiental, como: o uso de geradores a biocombustível com reduzida pegada carbónica; a rega do recinto com água reciclada da ETAR de Beirolas; a compensação de emissões com o programa Amazónia Live; a disponibilização de bebedouros que evitam o consumo de garrafas de plástico; e ainda a existência de equipas que orientam o público na separação correta dos resíduos.
O trabalho com os stands na seleção e distribuição de brindes sustentáveis é outra das preocupações. Como menciona Raquel Abrantes, diretora de marketing da Via Verde “os stands são feitos em conjunto com a organização do Rock in Rio, por isso nós temos sempre o máximo de cuidado tanto com os materiais como com a forma como nos mantemos aqui (…). É muito difícil que nós tenhamos aqui alguma coisa que não seja descartável, porque nós, Via Verde, não acreditamos nisso mas também porque o Rock in Rio assim o exige.”
Os projetos sociais e económicos são para continuar
Os impactos positivos, nomeadamente no domínio social e económico, já estão no coração do festival desde a sua génese, como refere Gabriela Cunha “depois que (o festival) veio para Lisboa, o projeto (Por um Mundo Melhor) veio para cá também e hoje a gente completa, vem em 2004 para cá, então hoje a gente completa 20 anos de festival em Lisboa e 20 anos Por um Mundo Melhor, em Lisbon, fazendo um projeto de sustentabilidade desde então”. Dentro deste lema, o RiR visa garantir a acessibilidade, diversidade e inclusão na Cidade do Rock, trabalhando com a Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão que desenhou o recinto de modo a garantir o melhor acesso a todas as atividades para pessoas de mobilidade condicionada.
O festival também tem parcerias com 200 ONGs de naturezas várias, sendo uma delas a ONU. Gabriela apresenta mais algumas iniciativas “então a gente também tem um trabalho ainda com a comunidade de Chelas, com uma comunidade em torno do Bela Vista, só convidando para vir para o festival, oferecendo desconto, ou mesmo envolvendo com a junta de freguência, e também, apoiando ainda, a gente ainda vai ter o Leilão de Guitarras esse ano de novo (…). E a gente vai apoiar ainda o projeto do Chelas é o Sítio, que é esse projeto que a gente tem bastante parceria lá no Bela Vista.”
A edição Rock in Rio 2024 promete manter o festival na vanguarda dos eventos sustentáveis, ainda com espaço para melhorar no aumento da frequência e número de shuttles, para melhorar a acessibilidade por transportes públicos e na redução ainda maior da produção de resíduos bem como a sua melhor gestão, entre outros.