Outrora, a região de Góis era habitada por uma variedade de espécies autóctones, como o Castanheiro (Castanea sativa), o Carvalho (Quercus faginea), o Sobreiro (Quercus suber) e a Cerejeira (Prunus avium). No entanto, e sobretudo motivado por razões económicos, a paisagem da região acabou por sofrer drásticas alterações no que diz respeito à sua flora. Espécies como o Eucalipo (Eucalyptus spp.) e o pinheiro (Pinus spp.) substituíram o antigo cenário natural devido ao seu rápido crescimento, mostrando-se por isso, mais lucrativas a curto prazo.
Contudo, tudo mudou quando o incêndio que assolou a região de Góis em 22 de junho de 2017, destacou a necessidade de mudanças em relação às espécies presentes na área. Em janeiro de 2024, teve início a implementação do projeto “Condomínio de Aldeia”, que foi proposto pela Câmara Municipal de Góis e candidatado ao Fundo Ambiental. Das 102 aldeias do concelho de Góis, 13 foram selecionadas devido ao seu isolamento e à vegetação ao seu redor, tornando-as mais vulneráveis a futuros incêndios florestais.
Este projeto visa valorizar o território ao redor das aldeias e prevê uma série de intervenções diversificadas. Por exemplo, na aldeia de Cadafaz, estão planeadas quatro tipos de intervenção. Ao Norte e Nordeste, será realizado o adensamento de soutos; ao Sul, será feito o controlo de espécies invasoras e/ou exóticas; a Oeste, está prevista a instalação de um Cerejal utilizando a técnica de socalcos, inspirada no Vale do Douro; por fim, Este da aldeia, será criado um pomar de árvores frutíferas.
Outro ponto abordado é a Rede de Pontos de Água, que inclui a ampliação do tanque de rega já existente, aumentando sua capacidade em 67%. Essa medida visa incentivar uma maior adesão à agricultura de regadio, assim como melhorar a sistematização do abastecimento de água para irrigação.
Apesar de ser considerado um grande benefício para a aldeia, alguns residentes não concordam com o avanço do projeto. Seja por não permitirem acesso a terras particulares ou por não acreditarem no desenvolvimento da iniciativa, como afirmou Filipe Moreira: “Alguns não querem compreender e estão mesmo a dificultar a nossa vida”.
Os responsáveis pelo projeto estão divididos em relação aos resultados até agora. Enquanto alguns veem um avanço significativo na criação dessa última defesa contra os incêndios florestais, outros estão preocupados com o ceticismo da população local, pois sem cooperação nada será possível no futuro do projeto.
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