Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA): Proteger e reabilitar animais

O Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA) desempenha um papel crucial na proteção e reabilitação de animais abandonados e em risco. Localizado em várias cidades portuguesas, são instituições públicas dedicadas a acolher, tratar e promover a adoção de cães e gatos recolhidos das ruas ou resgatados de situações de maus-tratos. Fomos conhecer o trabalho do CROA da cidade do Porto.

A missão principal do CROA é garantir o bem-estar dos animais, oferecendo um refúgio temporário onde estes possam ser cuidados e preparados para adoção. Contudo, gerir um centro de recolha de animais envolve grandes desafios.

O processo de recolha de animais abandonados ou perdidos é contínuo. Quando são recolhidos, os animais passam por uma triagem veterinária que avalia a sua saúde e comportamento. Casos de ferimentos graves ou doenças são tratados com a máxima urgência. A equipa de dois médicos veterinários, duas enfermeiras veterinárias e assistentes, trabalham para garantir que os animais tenham a melhor recuperação possível.

Segundo a médica veterinária que acompanhou a nossa visita, “na clinica é onde fazemos todos os procedimentos médicos, exames físicos. Animais que entram pela primeira vez para a associação, vão para a enfermaria para verificar se precisam de algum cuidado médico, animais que estão cá e que ficam doentes por algum motivo, fazem soro, e se precisarem ficam em observação. Temos também um frigorifico com medicação e vacinas.”, afirmou com notável gosto pelo trabalho que realiza.

A visita continuou e as descobertas também ao longo do discurso da nossa guia “Os patês dão jeito para dar a medicação, misturando o comprimido com comida. Temos 90 cães e 80 gatos. Em cada sala e em cada corredor temos um mapa que se chama, mapa de alertas. Os tratadores tratam dos animais, alimentando-os, passeando-os e fazendo as medicações.” Além dos cuidados médicos, o CROA preocupa-se também com o bem-estar psicológico dos animais. Muitos dos cães e gatos que chegam ao centro apresentam traumas devido a maus-tratos ou negligência, necessitando de reabilitação comportamental antes de poderem ser adotados.

Uma das maiores prioridades do CROA é encontrar lares definitivos para os seus animais. Para isso, são promovidas campanhas de adoção e sensibilização que visam educar a comunidade sobre a responsabilidade que vem com a posse de um animal, exemplo disso foi a campanha se sensibilização que ocorreu em maio na Escola Profissional de Campanhã, Porto onde os alunos e a comunidade escolar no geral mostrou muito interesse pelo tema. Estas campanhas têm resultado num número crescente de adoções bem-sucedidas, mas ainda há muitos animais que esperam pela oportunidade de terem um lar.

A organização dos animais, por vezes mostra ser uma tarefa que requer criatividade, mas sempre com muito carinho como podemos constatar. A nossa simpática e prestável interlocutora continua “Os cães estão em boxes individuais, e no total temos 100 boxes, 10 corredores com 10 boxes. Nem todos os cães estão para adoção, muitos deles estão em processos, como abandono, maus tratos, etc… Os cães que não estão para adoção ficam nas boxes ao fundo e os que estão nas primeiras boxes estão para adoção. São cães muito diferentes uns dos outros. Os cães têm parte interior e exterior nas boxes, na parte interior eles têm a comida, água e as suas camas e a parte exterior é uma espécie de jardim para fazer as necessidades quando não conseguem passear ou para apanhar sol. Alguns conseguem comunicar entre eles. A nossa prioridade é o bem-estar dos animais. Depois temos a sala da quarentema onde tem gatos que não estão aptos para adoção, ou porque estão doentes, em processo de tribunal, abandono etc… E muitas vezes são animais que não podem ser visitados devido à possibilidade de doenças.”, salientou ainda durante a nossa visita às instalações que “Os animais com sintomas de raiva, precisam de ficar 15 dias isolados. As jaulas abrem de uma forma específico para que os cuidadores não precisem de lhes tocar. Ao fim de 15 dias se não tiverem sintomas são devolvidos aos donos.” 

A tarde do dia oito de outubro revelou-se bastante chuvosa pelo que não foi possível ver animais a passear no exterior como referiu a médica veterinária “Na parte exterior temos um terreno completamente vedado, que usamos como um parque em que aproveitamos o espaço para fazer a socialização. Essa socialização é muito importante para permitir a adoção. Temos cães com passados e histórias difíceis que precisam de muita paciência para terem uma segunda oportunidade. Temos cães que entraram com situações de mordedura e que nós confiamos tanto neles que os levamos a eventos com muitas pessoas. Às vezes as mordeduras e as histórias deles são mal contadas e é o nosso trabalho dar-lhes uma segunda oportunidade.” refere com uma alegria clara no rosto. “No consultório fazemos a vacinação. Temos dias da semana marcados para fazermos a vacina da raiva, a colocação do microchip, etc… O microchip é do tamanho de um grão de arroz e é sempre no lado esquerdo de pescoço. Fazemos o registo no microchip com o nome do tutor, número de contribuinte, morada, número de telefone e correio eletrónico. Se o animal se perder e for encontrado conseguimos com a passe do animal, ler o microchip e ter acesso a estas informações. É obrigatório por lei o uso do microchip.”

A terminar a nossa visita e entrevista ficou uma informação em forma de curiosidade “O pitbull é uma raça potencialmente perigosa, quer dizer que é uma raça que pelo tamanho da sua mandíbula pode ser perigoso em caso de mordedura. Um cão perigoso é um cão que já mordeu e ficou com cadastro. E esses cães têm obrigações legais e essa obrigação é ter a trela curta, açaime na rua e seguro. Por vezes temos situações em que os cães mordem as pessoas. Existem procedimentos e informações que são encaminhadas para o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) e depois contactamos os donos. Nós temos a vertente da parte das mordeduras onde simplesmente observamos os animais, fazemos o sequestro de raiva ao fim de 15 dias para saber se apresentam algum sintoma. Depois fazemos a documentação e enviamos as informações do animal para o ICNF.”

A sensibilização pública é uma parte essencial do trabalho do CROA. Em várias ocasiões, o centro organiza eventos abertos, onde potenciais adotantes podem conhecer os animais e aprender mais sobre o processo de adoção. Paralelamente, há programas de voluntariado que permitem que os cidadãos se envolvam diretamente no cuidado e bem-estar dos animais acolhidos.

O CROA, apesar dos desafios, continua a ser uma pedra angular na luta pela proteção animal em Portugal, garantindo que cada animal resgatado tenha uma segunda oportunidade para viver com dignidade e afeto.

Ana Amaro, Ana Oliveira, Beatriz Moura, Cristiano Silva