De aterro a festival: o novo Parque Tejo

Localizado junto ao rio Tejo, o Parque Urbano do Tejo e Trancão foi convertido em 1998, no âmbito da exposição mundial "Expo’98", num parque verde da cidade de Lisboa. Instalado num espaço degradado, marcado por ter sido um antigo aterro sanitário (selado e isolado), este parque assume-se como a maior zona verde do Parque das Nações e uma das mais ricas em biodiversidade, resultante da proximidade da linha de água. Este espaço natural, agora apelidado de Parque Tejo, foi palco da Jornada Mundial da Juventude, em 2023, e do festival Rock in Rio Lisboa (correspondente apenas ao concelho de Lisboa), em 2024.

No passado, o Parque Tejo foi um aterro – Aterro Sanitário de Beirolas -, tendo depois sido selado e tratado para poder ter outras finalidades. No Aterro de Beirolas, os resíduos sólidos urbanos eram depositados de forma a minimizar os seus impactos ambientais, o que implicou a impermeabilização dos solos, a criação de sistemas de drenagem dos líquidos formados pela desintegração dos resíduos e ainda o tratamento das águas lixiviadas em estações próprias. 

A deposição de resíduos sólidos urbanos em Beirolas terminou em finais da década de 1990, tendo-se iniciado, a partir daí, a selagem do mesmo e um processo obrigatório de monitorização da área durante os 30 anos seguintes. A este processo, seguiram-se diversos estudos centrados nos riscos e contaminação do solo e na avaliação das condições de salubridade e segurança do local. Em 2023, pela primeira vez, o Parque Tejo acolheu as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), que obrigaram à realização de novos estudos geotécnicos e de estabilização do aterro e a intervenções de reabilitação da infraestrutura do Aterro Sanitário de Beirolas para recuperação de condições de segurança no funcionamento do sistema. 

Mais recentemente, em 2024, o Parque foi palco do festival Rock in Rio Lisboa que passou a beneficiar, na sua 10.ª edição, de maior área (mais 3 hectares) quando comparada com as edições anteriores, realizadas no Parque da Bela Vista.

O recinto passa agora a ocupar a frente ribeirinha entre a Fábrica de Água de Beirolas e o rio Trancão, com os constrangimentos inerentes associados à circulação rodoviária. Ainda que seja promovida, pela organização do evento, a utilização de diversos transportes públicos, as filas para entrada e saída na estação de comboio (Sacavém), paragens dos shuttles, bem como para a entrada no recinto, revelam que a acessibilidade ao recinto é um aspeto a trabalhar.

À esquerda: recinto do Rock in Rio no Parque Tejo delimitado a amarelo. À direita: Recinto do Rock in Rio no Parque da Bela Vista delimitado a amarelo.

A existência de zonas verdes e de sombra insuficientes, é outra das situações a melhorar em futuras edições. O local onde se encontra o altar-palco das JMJ, utilizado para comunicar os valores de um mundo plural e sem barreiras, é um dos poucos locais com sombra existentes no recinto. A criação de mais e melhores espaços verdes, mais vegetação e mais zonas de sombra permanentes, são desafios a ultrapassar nas próximas edições.

A nova localização do Rock in Rio Lisboa, no Parque Tejo, traz novos desafios ao nível da sustentabilidade, em particular no que diz respeito à mobilidade e espaços verdes. Que estratégias adotar para 2026?

João Pedro Costa, Francisco Nascimento, Gustavo Santos