O Rock in Rio celebra 40 anos de festival e 20 anos em Lisboa, tendo aceitado o convite da Câmara Municipal de Lisboa e escolhido o Parque Tejo, no Parque das Nações, como novo recinto. Esta mudança trouxe, não só mais 30 mil metros quadrados de festa, mas também novos desafios ambientais!
Todos os anos o festival inova, trazendo novas medidas de sustentabilidade que tornam o festival mais verde e a 10ª edição não será exceção. O recinto terá contentores e ecopontos sinalizados e espalhados, vídeos de sensibilização nos ecrãs dos palcos, e ainda usará as borras dos cafés para fertilizar o Parque Tejo no fim do festival. Para além disto, nos vários palcos e em particular no espetáculo “Viagem dos 20 Anos Rock in Rio”, a organização recorre à utilização de confettis solúveis em água, dada a proximidade ao rio Tejo. No entanto, há outras novidades que prometem tornar o festival ainda mais sustentável. Gabriela Cunha, membro da equipa de sustentabilidade, contou-nos um pouco sobre uma das maiores mudanças desta edição.
Em 2018 o RiR trouxe a Portugal os copos reutilizáveis, que segundo Gabriela “zeraram os resíduos de copos de plástico”. No entanto, ainda sobrava uma questão importante: e as garrafas de água? Nesta edição foram instalados por todo o recinto bebedouros que permitem aos festivaleiros encher as suas garrafas ou copos, ao invés de comprarem novas.
Assim, a organização espera conseguir reduzir aquela que ainda era uma das maiores fontes de plástico, reduzindo ainda mais o impacto ambiental negativo do festival. Esta medida tem estado a ser bem aceite pelos festivaleiros, que aqui veem uma oportunidade de obter um bem essencial, sem terem de esperar horas nas filas. Deolinda Oliveira, festivaleira fã dos Scorpions, concorda e ainda salienta “para além de não se ver lixo no chão, as pessoas acabam por poupar um bocadinho, não têm de estar sempre a beber, e a comprar (…) [o copo reciclável] acaba-se por usar no espaço e depois também fica um recuerdo”.
Para além da redução das embalagens de água e dos métodos de consumo da mesma, a organização do festival preocupa-se também com as áreas dedicadas à alimentação, procurando garantir que os mais de 40 pontos de alimentação e bebida espalhados pelo recinto tenham uma política de combate ao desperdício alimentar, um problema bastante comum neste tipo de eventos. Para assegurar que os alimentos que sobram e que não são vendidos são aproveitados, o RiR estabeleceu uma parceria com a ReFood, uma organização independente que recolhe alimentos para pessoas desfavorecidas. Este ano, também é possível separar para encaminhamento as embalagens de cartão com gordura, diminuindo a quantidade de embalagens de produtos alimentares e reduzindo a acumulação de resíduos.
As beatas de cigarro continuam a ser um dos tipos de resíduos mais frequentes em festivais como este. Junto às áreas de alimentação são milhares as beatas de cigarros (e de cigarros eletrónicos), que se acumulam no chão em poucas horas. A lei que proíbe deitar pontas de cigarros para o chão, aprova medidas para recolha e tratamento dos resíduos de tabaco e pune com coimas entre 25 e 250 euros quem atirar beatas para a via pública. À luz desta lei, cabe à organização de festivais como o RiR, sensibilizar para as consequências dos impactos negativos deste resíduo nos ecossistemas terrestres e marinhos, que contaminam o solo e a água e providenciar locais próprios para a sua deposição.
São diversas as novidades que o RiR traz este ano ao Parque Tejo, na esperança de mais uma vez melhorar a sustentabilidade do festival, em particular no que respeita os resíduos de embalagens. Contudo, o aumento das beatas de cigarro no chão do recinto à medida que decorre o festival é uma realidade que merece a tomada de medidas concretas, como a distribuição de informação dedicada sobre os locais próprios onde depositar este resíduo e até sobre os seus malefícios. Será esta uma preocupação das próximas edições?
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