O Enriquecimento Ambiental é um processo dinâmico e momentâneo que consiste em estimular os comportamentos naturais de cada espécie animal, através de atividades individuais ou conjuntas. Melhora o bem-estar das espécies, estimula comportamentos naturais e habilidades do animal, evitando comportamentos padronizados e possibilitando uma futura reintrodução na Natureza.
Este enriquecimento pode ser dividido em cinco níveis: sensorial, alimentar, físico, social e ocupacional.
Através do enriquecimento sensorial, pretende-se estimular os cinco sentidos dos animais, oferecendo-lhes cheiros, texturas e elementos visuais diferentes dos que conhecem. Por exemplo, o sentido defensor e territorial dos felinos é estimulado pela existência de ervas aromáticas com cheiros característicos e intensos nas suas instalações, que os incentiva a marcar território, tal como é comum nos seus habitats naturais.

Imagem 1. Suricatas a explorar rolos de cartão para conseguir comer os Tenébrio. Exemplo de enriquecimento ocupacional, alimentar e sensorial.
Já o enriquecimento alimentar visa promover comportamentos de caça e procura de alimento através da introdução de itens alimentares diversos que aumentam o grau de dificuldade de alcance. É possível identificar este tipo de enriquecimento quando por exemplo são colocados rolos de papel higiénicos recheados de tenébrios, larvas de escaravelhos, com o objetivo da espécie fazer um esforço para chegar ao alimento e terem um comportamento semelhante ao que ocorre nos seus habitats naturais.
No caso do enriquecimento físico, o objetivo é tornar a instalação mais naturalista, de acordo com o habitat específico de cada espécie e as suas necessidades, construindo estruturas nas instalações. Utilizam-se cordas, lagos, redes, plataformas de madeira, entre outros. O enriquecimento social tem em vista reproduzir os hábitos sociais de cada espécie. No Jardim Zoológico de Lisboa, várias espécies diferentes de Araras encontram-se na mesma instalação.
O enriquecimento ocupacional é o mais difícil de implementar e tem como objetivo manter os animais ativos através de atividades que lhes despertam o interesse, tal como a introdução de arranhadores/troncos de árvores para os diversos felinos conseguirem ocupar-se ao mesmo tempo, estimulando comportamentos que eles teriam em habitats naturais, como arranhar as unhas.
Atualmente, o Jardim Zoológico de Lisboa conta com diversos exemplos de enriquecimento ambiental nas diversas instalações, como referido, mas nem sempre foi assim. Clara Ferreira, tratadora de animais, afirma que quando ela começou a trabalhar, há cerca de 35 anos, os animais nem tinham espaço nas jaulas e cita que agora eles estão mais felizes. Refere ainda que, nos dias de hoje, os animais já não são vistos apenas como “objetos de museu” e agora a principal preocupação é realmente o bem-estar animal e não o dos visitantes. No tempo atual a equipa do Jardim Zoológico respeita as vontades do animal durante os espetáculos e prioriza os seus comportamentos naturais nas apresentações.
Em suma, o Enriquecimento Ambiental no Jardim Zoológico de Lisboa tem vindo a evoluir ao longo dos tempos, mas ainda está longe de estar no funcionamento ideal. O principal objetivo é proporcionar aos animais as sensações mais aproximadas da realidade, estimulando comportamentos. Por outro lado, acaba por ser apenas uma simulação da realidade e, apesar de tudo, querem manter os comportamentos mas não vão reintroduzi-los na natureza.
You must be logged in to post a comment.