A Praia do Furadouro, localizada em Ovar, enfrenta uma crise de erosão costeira, com galgamentos cada vez mais frequentes e intensos que ameaçam estruturas, habitações e a segurança da população local. A situação é agravada pelas alterações climáticas e pela pressão urbanística crescente na região.
A erosão costeira já causou um recuo de até 40 metros na Praia do Furadouro, colocando em risco estruturas de apoio balnear, passeios marginais, espaços comerciais e residências. Os galgamentos, que ocorrem com maior frequência durante o inverno devido à forte agitação marítima e às condições meteorológicas adversas, provocam inundações e danos significativos.
Apesar das intervenções realizadas, como a construção de esporões, enrocamentos e a instalação de geotubos, a erosão costeira persiste e, em alguns casos, foi intensificada em áreas adjacentes. A população local adota medidas de proteção emergenciais, como a colocação de barreiras e sacos de areia, mas é necessária a implementação de soluções de longo prazo.
Especialistas do Grupo de Trabalho do Litoral, criado em 2014 para refletir acerca desta problemática, defendem uma gestão integrada de sedimentos, que envolve a fiscalização do ordenamento do território e a implementação de uma política de alimentação costeira, como medidas cruciais para mitigar o problema e proteger a Praia do Furadouro.
De acordo com o Plano de Ação Litoral XXI, na sua versão atualizada de 2024, a erosão costeira em litoral baixo e arenoso (sistemas praia/duna) afeta atualmente cerca de 20% da linha de costa, potenciando a perda de território e a destruição de sistemas costeiros de elevado valor ambiental e paisagístico, tendo-se registando um recuo máximo de 40m na praia do Furadouro.
Como medidas de prevenção e gestão do risco, foram realizadas várias intervenções, na Praia do Furadouro, tendo sido construídas várias de estruturas de defesa costeira, nomeadamente a construção de dois esporões, um a Norte e outro a Sul, a instalação de 3 geotubos, rampas e muros de proteção em betão. Estas intervenções, num primeiro momento, travaram o recuo da linha de costa, porém intensificaram a erosão a sul, ocorrendo uma situação de desequilíbrio sedimentar nesta praia especialmente na época de inverno.
Segundo o mesmo documento, a situação exige a implementação de medidas de fundo mais eficazes. Estas poderão passar, por exemplo, pela fiscalização mais eficaz das regras do ordenamento do território e pela implementação de uma política de sedimentos. Tal como refere o Plano de Ação Litoral XXI, é importante realizar uma gestão integrada e racional dos sedimentos dos rios, dos estuários, do leito do mar e da orla costeira e de ser delineada uma estratégia de alimentação costeira que inclua intervenções pontuais com o objetivo de suprir o défice sedimentar mais rapidamente, minimizando assim a ocorrência de eventos mais violentos de erosão costeira.