Thaumetopoea pityocampa Schiff., vulgarmente conhecida como lagarta-do-pinheiro ou como processionária-do-pinheiro, é um inseto desfolhador, que pode parasitar todas as espécies dos genus Pinus e Cedrus. No caso dos pinheiros-bravos, as lagartas alimentam-se das agulhas, o que provoca um défice no crescimento da árvore e uma quebra na produção lenhosa, podendo levar, no limite, à necessidade de abate da árvore, especialmente em árvores mais jovens.
Para além dos danos causados ao património natural, esta espécie representa um perigo para a saúde pública; os seus pelos urticantes espalham-se em grande quantidade pelo ar e pelas superfícies, podendo a reação ser mais ou menos grave consoante a sensibilidade de cada pessoa. Os pelos têm uma forma de arpão afiado, o que lhes possibilita a entrada nas mucosas e na pele do ser humano, libertando uma proteína – a taumatopoína – com características tóxicas e que pode causar reações alérgicas graves. Estes alergénicos, se em contacto com a pele, manifestam sintomas como comichão, ardor, inchaço e manchas avermelhadas; no caso do contacto ser com as vias respiratórias, podem causar tosse e dificuldades respiratórias; e, nos olhos, podem também causar irritações.
Em caso de reação alérgica ou contacto com estas lagartas deve-se: remover os pelos (por exemplo, com uma fita adesiva); enxaguar bem a zona (da pele ou olhos) com água fria; aplicar um creme hidratante; lavar a mais de 60ºC as roupas que possam ter estado em contacto, de forma a desnaturar a proteína taumatopoína. No caso de reação mais grave é aconselhada a deslocação a um serviço de atendimento médico.
Esta praga é cada vez mais comum no nosso país, dado que os invernos, devido às alterações climáticas, são mais secos do que o que deveriam, o que provoca uma maior rapidez do ciclo reprodutivo destas lagartas. No caso de países do norte da Europa, como os invernos não são tão frios como o esperado, há um surgimento desta espécie em locais onde antes as temperaturas baixas não permitiam a sua sobrevivência.
Este caso remete-nos para a importância de concretizar leis e normas internacionais para o controlo das alterações climáticas, pois estas, entre inúmeras consequências, podem afetar os ciclos de vida de vários animais, tornando espécies autóctones e aparentemente inofensivas, num perigo para o património natural e para a saúde pública.
Referências
Gomes, E. (2023, August 17). Lagarta-do-pinheiro –. Biodiversidade; The Navigator Company. https://biodiversidade.com.pt/biogaleria/lagarta-do-pinheiro-2/
Quais os perigos da lagarta do pinheiro? | CUF. (2024). Www.cuf.pt. https://www.cuf.pt/mais-saude/quais-os-perigos-da-lagarta-do-pinheiro
Reações à lagarta do pinheiro: o que fazer – RATATUI. (2022, April 19). RATATUI. https://www.ratatui.pt/reacoes-a-lagarta-do-pinheiro-o-que-fazer/
Ninho de lagartas do pinheiro. (2024). In Seixal Câmara Municipal. https://www.cm-seixal.pt/sites/default/files/styles/720×480/public/field/image/lagarta-do-pinheiro_vf.png?itok=7O6nUysu×tamp=1707229958