Mais que um festival: a preocupação social do Rock in Rio

Muitas organizações têm como prática dar de volta à comunidade onde operam os seus negócios e atividades. O Rock In Rio não é diferente. No âmbito social, a organização de um dos maiores festivais de sempre conta com vários projetos que prometem ter um impacto positivo na sociedade.

O Rock in Rio voltou a Lisboa, e logo no primeiro dia contou com mais de 80.000 participantes. Uma mobilização de tal ordem, carrega inevitavelmente uma responsabilidade social que abrange organização, parceiros, staff e público. A sua materialização surge na forma de apoio a projetos sociais, tanto na comunidade nacional como no país natal do festival.

“Chelas é o Sítio”
A 10ª edição do Rock in Rio Lisboa transferiu-se para o Parque Tejo. Contudo, a mudança de localização não deixou para trás a ligação que vinha sendo estabelecida no bairro de Chelas, situado junto ao Parque da Bela Vista, palco da Cidade do Rock até este ano.

Em particular, o Rock in Rio manteve uma ligação estreita com a associação “Chelas é o Sítio”, que junta habitantes do bairro de Chelas com o objetivo de acrescentar valor nesta que é uma das maiores áreas de Lisboa.

De forma a angariar dinheiro para este projeto, o Rock In Rio irá realizar, como já fez no passado, um leilão solidário de guitarras assinadas pelos artistas que marcaram presença no festival, como os Scorpions e Evanescence. Este ano em específico, os fundos serão revertidos para a construção da sede da associação que, como diz Gabriela Cunha, coordenadora da sustentabilidade, “vai ajudar muito para que possam fazer oficinas de fotografia, oficinas de música, oficinas de capacitação e receber melhor as pessoas do bairro”.

Diversidade e Inclusão
“Uma das metas do Rock in Rio é ser considerado um festival 100% diverso, inclusivo e acessível.”, refere Gabriela Cunha. Para atingir esta meta, o Rock in Rio juntou-se à APPDI – Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão. Esta associação sem fins lucrativos tem como propósito promover a diversidade e inclusão na sociedade civil e nas organizações. Na prática, promoveu conversas de sensibilização com as empresas e entidades associadas, para que estas tenham um olhar de diversidade e inclusão nas contratações, nas atividades e na forma de operar. Para além disso, esta associação é a responsável pela Carta Portuguesa para a Diversidade, iniciativa da Comissão Europeia que se materializa num documento onde estão descritas medidas concretas que podem ser tomadas para promover a diversidade e a igualdade de oportunidades no trabalho independentemente da origem cultural, étnica e social, orientação sexual, género, idade, características físicas, estilo pessoal e religião e que conta com a assinatura do Rock in Rio. 

No festival, os voluntários da APPDI prestam apoio nos vários espaços de mobilidade reduzida, existindo também uma equipa que corre o recinto com um inquérito sobre a diversidade e inclusão do festival, com a função de avaliar a perceção do público.

Parcerias sustentáveis
Para destacar os parceiros que partilham do seu compromisso, o Rock in Rio organiza um prémio de sustentabilidade, promovendo o envolvimento dos seus stakeholders nesta temática central. Assim, dia 23 de junho, último dia de Rock in Rio Lisboa, decorreu no Palco Mundo a entrega do prémio “Atitude Responsável” aos três parceiros do festival que apresentaram os melhores outcomes de sustentabilidade em avaliação por auditoria externa.

Dentro das empresas representadas no evento, destaca-se a startup portuguesa Windcredible, que foi convidada a apresentar duas turbinas eólicas para fornecer energia a um equipamento de carregamento de telemóveis para utilização do público. Da conversa com Filipe Fernandes, diretor da Windcredible, sublinha-se um dos projetos sociais em curso, em parceria com a GALP, patrocinador principal do Rock in Rio. O objetivo deste será instalar uma turbina eólica na ALADI – Associação Lavrense de Apoio ao Diminuído Intelectual, em Matosinhos e assim fornecer-lhes energia sustentável sem custos para a associação.

Turbina eólica no RiR

Amazónia Live

Um evento como o Rock in Rio Lisboa, que junta milhares de pessoas, tem um consumo energético e produção de resíduos imenso. Fazendo uso de cálculos analíticos, a organização consegue compreender todos os anos qual a quantidade de CO2 equivalente a este consumo. Na posse destes dados e com vontade de compensar este impacto, começou, em 2016, o projeto Amazónia Live. Com esta iniciativa, já plantaram 4 milhões de árvores na floresta da Amazónia, compensando totalmente as suas emissões diretas de carbono para a atmosfera. 

A preocupação com a temática social faz parte dos compromissos e da agenda do Rock in Rio, sendo este um exemplo de como um evento desta magnitude pode ser mais que um festival de música, colaborando com projetos sociais. No futuro, espera-se a continuação e evolução destes projetos, por parte da organização do Rock in Rio, preservando e honrando a sua missão “Por um mundo melhor”.

Filipe Correia, Inês Nunes, Vasco Isidoro