Microplásticos: Um pequeno grande problema!

Cascais, um paraíso de águas limpas e cheias de vida, mas ameaçado pela maré de lixo por nós produzida.

Os microplásticos são partículas de plástico com menos de 5 milímetros de diâmetro e são um dos principais problemas ambientais enfrentados por nossa sociedade. De acordo com a Câmara Municipal de Cascais, oito toneladas de plástico terminam nos oceanos todos os anos, e de acordo com os dados este número tem vindo a aumentar desde 1950. Se este número continuar a aumentar pode começar a interferir em atividades humanas como a pesca, sem mencionar as consequências catastróficas para o meio ambiente.
As biólogas Ana Pêgo responsável pela página “Plasticus maritimus” no Facebook, e Ana Margarida Ferreira da Câmara Municipal de Cascais, revelaram as suas preocupações acerca destas partículas.
Existem 4 fatores que fazem com que Ana Pêgo acredite que em Cascais há uma elevada concentração de microplásticos na zona costeira. A primeira é devido a sua localização à saída do estuário do Tejo; A segunda é o tráfego intenso na estrada marginal, causando a acumulação de microplásticos provenientes dos pneus; A terceira a ETAR de Cascais, onde se prevê uma elevada concentração de microplásticos vinda da rede de esgotos; A quarta e última, devido que Cascais é uma zona costeira, recebendo microplásticos que vagueiam pelo Atlântico.

Existem 2 tipos de microplásticos, os primários e os secundários:
• Microplásticos primários: São produzidos propositadamente de pequenas dimensões, para utilização na indústria.
• Microplásticos secundários: Resultam da degradação de objetos de maiores dimensões.
A acumulação destes plásticos é extremamente prejudicial uma vez que o plástico é um material de decomposição lenta e no fundo oceânico esta decomposição demora ainda mais, já que os mesmos não estão expostos aos raios UV que aceleram esta decomposição.
Esta acumulação pode ter impactos na saúde e sobrevivência dos organismos, como, por exemplo:
• Acumulação nos ecossistemas e tecidos da fauna e flora marinha.
• Digestão por parte de organismos, acumulando-se no estômago, dando a eles uma falsa sensação de saciedade que depois causa a sua desnutrição.
• Elevada toxicidade, pois possuem muitos químicos e aditivos na sua composição, pondo em causa a saúde e qualidade de vida dos organismos, podendo causar problemas hormonais, deficiência no desenvolvimento, destruir tecidos, entre outros.

Como um grande exemplo de como os microplásticos afetam os organismos marinhos temos os mexilhões, que são moluscos bivalves filtradores que retiram o seu alimento da água, as suas brânquias além de fazerem as trocas gasosas, servem de filtro de pequenas partículas, podendo causar uma acumulação de microplásticos nos tecidos do mexilhão.
Microplásticos por todos os lados!
De acordo com Ana Margarida a principal forma dos microplásticos chegarem ao oceano é através dos sistemas de esgotos, através de água contaminada que desce pelas canalizações, por exemplo quando escovamos os dentes, tomamos banho, ou utilizamos produtos compostos por microplásticos.
Além de que outra grande fonte dos microplásticos no oceano se dão devido à degradação de lixo presente na água, por exemplo: Garrafas, embalagens, entre diversos materiais composto por plástico.

Como é que a câmara municipal e a população de Cascais agem perante este problema?

A “Cascais Ambiente”, responsável pelos serviços de limpeza urbana e recolha de resíduos, além de diversos outros movimentos como “Movimento Claro”, “Clean up e Atlantic”, “Mais Mar”, “Maré Viva”, “Plasticus marimtimus” no Facebook, e diversos outros programas destinados a limpeza e preservação dos ambientes marinhos.
Faça a sua parte!
Os microplásticos são uma preocupação crescente para o meio ambiente e a saúde humana, precisamos de união para combater este problema global. Aqui estão 3 formas simples de como podemos contribuir:
1.Substituir os produtos industriais que usamos por produtos naturais ou produtos sem a presença de microesferas de plásticos. Por exemplo: podemos utilizar a app “Beat the microbead” que mostra escolhas alternativas de produtos sem a presença de microplásticos nos supermercados.
2.Evitar descartar lixo no ambiente.
3.Utilização de produtos recicláveis e alternativas reutilizáveis.

Qualquer ajuda faz a diferença, com apenas uma pequena ação podes salvar a vida de centenas de organismos marinhos e ajudar na preservação de nossas belas águas.