O legado de D. Afonso III: Renature na reflorestação do Pinhal de Leiria

No último sábado, o GEOTA organizou uma atividade de sensibilização e plantação de pinheiros-bravos, num dos espaços que constituíam o famoso Pinhal de Leiria, entre a Marinha Grande e a Praia da Vieira. Em colaboração com a Ecozoic, a atividade contou com 30 participantes, resultando na recuperação de 4 hectares, contribuindo para o objetivo de todos os ali presentes: recuperar e preservar a natureza.

O GEOTA – Grupo de Estudo e Ordenamento do Território e Ambiente, é uma Organização Não-Governamental de Ambiente (ONGA) com foco em território nacional. Tem como missão, segundo o site oficial, “promover o desenvolvimento sustentável e a conservação do património natural e cultural, mediante a capacitação de cidadãos para se tornarem agentes ativos de educação, intervenção e advocacia ambiental”, coincidindo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Inicialmente plantado por D. Afonso III, e posteriormente expandido pelo seu filho D. Dinis, o Pinhal de Leiria não surgiu por necessidade de madeira para a construção das Naus dos Descobrimentos, segundo o que alguns pensam. A sua primeira função foi a de barreira natural contra as correntes de ar salgadas que provinham do mar e afetavam o clima e qualidade dos solos de Leiria. Tal mostrava uma técnica de ordenamento do território extremamente avançada, explicou-nos o coordenador da atividade Miguel Jerónimo.

A Mata Nacional de Leiria foi arrasada por incêndios a 15 e 16 de outubro de 2017, tendo sido consumido, segundo a SIC Notícias, 86% da área do Pinhal, o que corresponde à volta de 9 mil hectares. E os seus impactos, segundo Miguel, são já sentidos na zona.

Desde aí, várias são as ações de reflorestação que têm ocorrido neste espaço, em conjunto com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Dentro destas ações encontram-se as do GEOTA, dentro do projeto Renature Leiria, do qual o Miguel é coordenador. O objetivo inicial era plantar um milhão e trezentas mil árvores até 2026, de forma a recuperar parte do verde que se podia observar antes dos incêndios. Para tal têm ocorrido diversas ações de plantação dentro do projeto.

Em alinhamento com os ODS 13 – ação climática, 17 – proteger a vida terrestre, e com as ações realizadas no âmbito do projeto Renature, decorreu no passado sábado (25 de janeiro) uma atividade de plantação de árvores num dos espaços onde antes se encontrava o Pinhal de Leiria, entre a Marinha Grande e a Praia de Vieira. A atividade contou com cerca de 30 participantes, onde esteve também presenta a Ecozoic – Associação de Jovens para o Ambiente e Direitos Humanos.

“É uma ótima iniciativa!” conta-nos Laura Marques, Presidente da Ecozoic. “Não só estamos a recuperar um Pinhal de grande importância histórica, como estamos a recuperar a natureza, e ainda a sensibilizar as pessoas que nela participam”. Também com  várias ações não só na área da sustentabilidade, mas também em direitos humanos, Laura diz-nos que a associação pretende manter o apoio e participar sempre que possível em estas e outras atividades que proporcionem uma maior conscientização da população e proteção da natureza.

Das 4 espécies que integram o plano de reflorestação, foram durante o dia plantados cerca de 3 mil e quinhentos pinheiros-bravos, o que resultou em aproximadamente 4 hectares. O projeto Renature ocorre ainda em outros locais, como é o caso de Monchique, sendo que no total o GEOTA já ultrapassou a meta de um milhão e quinhentas mil árvores plantadas em todo o território nacional. Estas ações decorrem ao longo de todo o ano, sempre com um objetivo em mente: a reflorestação e preservação da natureza.

André Manteigas