Perdidos no consumo

Todos os anos produzem-se 2,2 mil milhões de toneladas de lixo na União Europeia. A União Europeia encontra-se atualmente a tentar atualizar a legislação relativa à gestão de resíduos para promover uma mudança na atual economia linear e assim se tornar numa economia circular, reutilizando produtos e diminuindo a quantidade de lixo produzida. A economia circular é um modelo de produção e de consumo que envolve a partilha, o aluguer, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos existentes, enquanto possível. Desta forma, o ciclo de vida dos produtos é alargado. Mas será que nas escolas se aplica a economia circular?

Na minha escola, quando alguém perde algum material ou roupa, esta vai
diretamente para os perdidos e achados. Mas, no final do ano, apercebo-me que os
perdidos e achados se encontram quase sempre cheios de materiais e roupas. Mas,
afinal, o que é que acontece a todos estes materiais que ficam lá? Para responder a
esta e outras perguntas foi entrevistada a professora, e membro da direção, Paula
Edra.
Foi-lhe então perguntado se eram perdidos muitos materiais e roupas
diariamente. Ela respondeu, convictamente, de forma afirmativa. De facto, há uma
grande quantidade de materiais que são depositados, quase diariamente, nos
perdidos e achados.
Quando questionada se assim como se perdiam muitos materiais também
havia diariamente uma iniciativa de os reaver, a professora Paula Edra respondeu
que não, acrescentando que, muitas vezes, os próprios alunos não se dão conta,
sendo que, por vezes, são os pais que, quando já passou algum tempo desde a sua
perda, se dão conta e tentam reaver os materiais. A docente acrescentou ainda que
considerava absolutamente exagerada a quantidade de utensílios que por lá
ficavam sem serem procurados.
À pergunta: qual finalidade dada às roupas e materiais que ficavam nos
perdidos e achados no final do ano, a professora Paula afirmou que os materiais
eram expostos numa sala nas últimas semanas do período letivo e os pais são
convidados a entrar como última tentativa para reconhecer e reaver os materiais e
roupas. Mesmo após esta exposição dos materiais ficam imensos utensílios. Estes
vão para a junta de freguesia para serem distribuídos pelas famílias mais
carenciadas.
Fiquei feliz por descobrir com esta entrevista que na nossa escola é utilizada
uma economia circular, dando aos mais carenciados roupas e materiais que para
nós, se calhar, já não são de tanta relevância. Por outro lado, fico um bocado triste
ao saber a quantidade de pessoas que na minha escola não dá valor aos bens que

possui (não os tentando recuperar quando os perdem) e muitas vezes nem têm
noção do quanto isso prejudica o mundo em que habitamos.