O processo

Órix-de-Cimitarra, nas instalações do Jardim Zoológico
O processo de reintrodução de um animal é muito complexo e demorado. É preciso estudar e avaliar as causas da extinção e os fatores de riscos do território onde se planeia introduzir o animal, como a competição com o gado doméstico, a degradação do habitat e a caça furtiva (principais ameaças para a espécie), para favorecer as condições do mesmo no novo habitat. Também é necessário recolher informações sobre o animal em questão, quer dados científicos, quer dados psicológicos ou, até mesmo, comportamentos peculiares. Por outro lado, a reintrodução de uma espécie não depende unicamente das capacidades do indivíduo introduzido, mas também do próprio ecossistema, uma vez que se este permanecer em perigo prejudicará o animal, e ainda os aspetos sociais e culturais. Quando todas as condições necessárias se reúnem, o animal experimenta uma fase de adaptação, passando primeiro por uma reserva, o que lhe permitirá aperfeiçoar diversos comportamentos naturais, como a caça.
Após o período experimental, e se o animal aprovar a nova “casa”, este é finalmente introduzido na natureza. No entanto, nem todos os animais podem ser reintroduzidos no ambiente selvagem, pois tendo ficado em contacto excessivo com o ser humano, podem não possuir certos instintos e competências necessárias para uma vida autónoma. O processo de reintrodução permite restaurar ecossistemas, aumentar a biodiversidade e recuperar espécies gravemente ameaçadas; no entanto, este mesmo processo é dispendioso e requer monitorização constante, durante 2 anos, pois, por vezes, as espécies reintroduzidas podem entrar em conflito com as comunidades locais.
O caso do Órix-de-Cimitarra
O Órix-de-Cimitarra (Oryx dammah) é caracterizado por longos cornos curvados para trás, que podem medir até um 1,20 m de comprimento. É uma espécie ruminante, cujo principal alimento são as herbáceas. Proveniente de África, este animal prefere habitats como os desertos e as estepes.

Escala de classificação de risco de extinção na natureza
No fim do séc. XIX, quando ainda existiam milhares de Órix-de-Cimitarra na natureza, vários foram recolhidos e levados para zoológicos, permitindo assim que a variedade genética se mantivesse. Devido à caça e à competição com o gado doméstico, o número de indivíduos diminuiu drasticamente, até a espécie ser considerada “extinta na natureza”. Iniciaram-se então vários projetos de reintrodução: o primeiro, na Tunísia, não foi bem sucedido, já que o habitat onde foi reintroduzido era também habitado por populações que os tentavam caçar; mas o segundo, no Chade, foi um êxito, tendo esta espécie passado para a categoria “em perigo”.
Outros exemplos de casos bem sucedidos:

Ádax, nas instalações do Jardim Zoológico
O Ádax (Addax nasomaculatus), é o antílope que está melhor adaptado às condições de deserto. É caracterizado por ambos os sexos terem um tufo de pelos castanhos na frente e cornos. Esta espécie já esteve extinta na natureza, mas o Jardim Zoológico participa na conservação desta espécie, com o envio de animais para serem reintroduzidos.
O Leopardo-da-pérsia (Panthera pardus tulliana) é a subespécie de maior dimensão de Leopardo. Encontra-se extremamente ameaçada por diversos motivos, sendo que estimativas mostram que existem menos de 1200 animais na natureza. O Jardim Zoológico participa num programa de reintrodução desta espécie na natureza, que inclui o envio de animais para uma reserva semi selvagem, até que os mesmos estejam aptos para serem reintroduzidos no seu habitat natural.
Mesmo quando não consegue reintroduzir animais diretamente, o zoológico fornece fundos ou outras formas de apoio para que estes projetos se concretizem com sucesso.
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