Ao percorrer o parque de Monserrate, os visitantes deparam-se com um verdadeiro tesouro natural: um sobreiro secular que abriga um ecossistema único e fascinante. Essa árvore autóctone, que nunca foi submetida ao processo de descortiçamento, tornou-se o habitat perfeito para uma rica diversidade de espécies, entre elas o raro feto Culcita macrocarpa.
A casca rugosa e espessa do sobreiro, repleta de fendas e reentrâncias, proporciona um microclima húmido e protegido, ideal para o desenvolvimento de musgos. Esses musgos, por sua vez, criam um substrato perfeito para a proliferação do feto Culcita macrocarpa, espécie originária das ilhas da Macaronésia e que, em condições naturais, encontra dificuldades em se estabelecer no solo devido à intensa luminosidade.
A simbiose entre o sobreiro, o musgo e o feto Culcita macrocarpa representa um exemplo fascinante de adaptação e interdependência entre diferentes espécies. Essa associação única, que reúne elementos da flora local e exótica, confere ao sobreiro de Monserrate um valor ecológico e científico importante.
Segundo Bernardo Chaves, biólogo do Parque de Monserrate, “a copa das grandes árvores, como esse sobreiro, oferece o ambiente ideal para o desenvolvimento desse feto. Esta espécie encontra na cortiça da árvore a humidade e a proteção necessárias, sem estar exposto à luz solar direta”.
A ausência de descortiçamento confere ao sobreiro uma proteção adicional contra incêndios florestais, eventos cada vez mais frequentes em Portugal. A espessa camada de cortiça age como um isolante térmico, reduzindo o risco de propagação das chamas e protegendo o interior da árvore. O sobreiro representa um valor económico importante para a nossa economia, para além da resistência aos incêndios que cada vez mais asolam Portugal.
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