A solidão rural

Ao longo das áreas rurais portuguesas, no vasto cenário paisagístico verde, as aldeias são cada vez mais esquecidas, e o abandono tem isolado cada vez mais a população idosa, resistente da economia débil, que está dependente na sua auto-subsistência. Na última década, com a transitação de cerca de um milhão de habitantes para as cidades, Portugal assistiu ao maior êxodo rural da história. “O interior do país está votado ao abandono” afirma João Oliveira, deputado candidato às eleições europeias.

Hoje em dia, antagonicamente ao passado, quando o sol nasce nas aldeias acresce-se a ele os poucos resistentes à desertificação humana que, dependentes da agricultura, se misturam com o seu gado. Viram as suas aldeias lentamente  perder os que as compunham, estando agora abandonados pelo país. Estudos de 2016 revelam que cerca de 40% da população portuguesa com mais de 65 anos estão sozinhos durante oito horas ou mais por dia. 

 A intensificação do processo de despovoamento nas aldeias, maioritariamente no interior do país, iniciou-se após uma aposta económica nas zonas urbanas, proporcionando o acesso ao ensino e, o consequente abandono das práticas agrícolas mais trabalhosas. Consequentemente a área florestal abandonada e os terrenos baldios aumentaram drasticamente e os montes portugueses tornaram-se vulneráveis aos incêndios. Portugal perde, por ano, em média, mais de 3% da sua floresta com os  incêndios rurais.

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Joana Caetano