“Bootcamp da Energia”: foi este o desafio proposto aos Embaixadores da Energia no penúltimo dia da Academia da Energia. “ Não há soluções perfeitas, há apenas soluções que ajudam a mitigar os problemas energéticos”: foi desta forma que Emanuel Delgado da ADENE começou por introduzir a temática que viria a ser abordada na prova. Não deixa de ser factual que à velocidade a que a energia está a ser consumida atualmente, é muito provável que não vá haver energia para as gerações futuras. É precisamente para inverter este cenário que desde há um ano para cá a ADENE colabora regularmente com a Forum Estudante, escrevendo artigos mensais onde são dadas aos leitores algumas dicas de como é possível minimizar os gastos energéticos.
A longo prazo, o objetivo da Agência para a Energia é que venha a ser desenvolvida e publicada a revista “Melhor Escola e Energia”, onde todas estas temáticas serão abordadas a par e passo, e onde vai também constar um balanço desta primeira edição da Academia da Energia. Destacar ainda o concurso com o mesmo nome, que tem como principal mote tornar as escolas locais mais eficientes, tendo como ponto de partida um estudo de caso exaustivo dos estudantes. Estes deverão numa primeira fase identificar os principais problemas encontrados ao nível da eficiência energética e, numa fase posterior, dar sugestões de como será possível colmatar essas falhas.
Mas a temática a ser abordada por parte dos Embaixadores da Energia, é precisamente o tema Pobreza Energética. Primeiramente, olhemos para alguns dados que contextualizam a questão: 3,8% da população refere que não tem possibilidade de manter a habitação quente no Inverno, sendo que neste indicador Portugal é o 5º país da União Europeia com maior percentagem; ou ainda o facto de 7,8% da população apresentar contas de serviço da sua habitação, como as de gás, eletricidade e água em atraso. No caso português, há números que falam por si: 800 mil famílias portuguesas beneficiam da tarifa social.
Ainda assim, a pobreza energética continua a existir e são muitos aqueles que não têm meios económicos para aquecerem as suas casas, e também arrefecer no caso do Verão. E quais os impactos que a pobreza energética pode ter na sociedade? Tal cenário pode resultar em piorias significativas ao nível do bem estar e conforto dos cidadãos, na saúde de todos, nos índices de mortalidade, culminar em doenças crónicas durante as ondas de calor e de frio, ou ainda em casos extremos afetar o aproveitamento escolar das crianças e jovens.
Lançado o desafio, várias foram as ideias fora da caixa que nasceram, foram desenvolvidas e posteriormente apresentadas a um júri que as avaliou tendo como base diferentes parâmetros. Desde a criação de painéis cinéticos na parte de baixo das passadeiras que permitissem que o andamento das pessoas produzisse energia; passando, a título de exemplo, por um projeto que, tendo como pretexto a vontade de diminuir a pobreza energética, procurava aproximar comunidades de áreas problemáticas, tornando-as em zonas onde não só a fatura da eletricidade fosse mais leve, mas também o espírito dos bairros sociais o fosse.
Apresentados os trabalhos, o balanço por parte de Gorete Santos, já emocionada por tamanha dedicação dos jovens, não podia ser mais positivo: “ Ficámos muito satisfeitos e surpreendidos com os vossos projetos. Ideias completamente diferentes, muito bem elaboradas, apresentações muito bem delineadas e preparadas… Todos vós são a esperança de que ainda é possível reverter o cenário que tem vindo a ser seguido ao nível do consumo de energia”, concluiu. Projetos que, no fundo, foram o culminar de uma semana de aprendizagem. A opinião das entidades organizadoras da Academia não podia ser mais unânime: “ Balanço mais que positivo”. Resta esperar pela próxima Academia da Energia, já confirmada para o próximo Verão.
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