Ocupando uma vasta área a nascente da cidade de Viseu, este espaço verde fazia parte da Quinta do Paço dos Bispos, que teve o seu esplendor no século XVI, com o bispo D. Miguel da Silva, que a transformou numa quinta de recreio. No âmbito desta mudança, foi necessário o abate das árvores, como carvalhos (Quercus) e castanheiros (Castanea sativa), espécies predominantes e que acompanharam toda a história de Viseu no último milénio. A Herdade Fontanelo, atualmente designada Mata do Fontelo, foi reflorestada com espécies da floresta autóctone, ainda que com espécies exóticas “perfeitamente controladas”, como destaca o biólogo da Câmara Municipal de Viseu (CMV), Paulo Barracosa.
A mata atravessou várias outras mudanças ao longo do tempo acabando, em 1926, por se tornar um espaço público, altura na qual a CMV tomou definitivamente posse do paço (Solar do Vinho do Dão), da mata, de parte dos terrenos anexos ao Fontelo e do jardim, este último, de estilo clássico, renascentista e de inspiração italiana.
O Loureiro (Laurus nobilis), o Medronheiro (Arbutus unedo), a Tília (Tilia cordata), a Magnólia (Magnolia) e a Mimosa (Acacia podalyriifolia) são algumas das árvores que predominam na mata. Grande parte das espécies existentes estão georreferenciadas e integram o inventário arbóreo da cidade, bem como um sistema de monitorização para a sua gestão.
O facto de existirem “muitos arbustos e árvores característicos da floresta natural portuguesa” no Fontelo é uma oportunidade e deve ser encarado como uma efetiva mais-valia, segundo Jorge Paiva, professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Contudo, é fraca a utilização lúdica deste espaço, que atualmente se restringe a atividades desportivas.
De forma a melhorar a atratividade deste espaço, a autarquia tem vindo a colocar em prática um programa de intervenções que inclui, em outros investimentos, a requalificação da mata do Fontelo e da rede de percursos terrestres.
As medidas propostas enquadram-se no Plano de Obras do Centenário (POC) a realizar no horizonte de 2020 e visam a integração paisagística do estádio municipal na mata, a recuperação das fontes e lagos e a identificação do parque arbóreo.
Em linha com o POC, a autarquia continua a reunir esforços no sentido de tornar este espaço num local mais atrativo do ponto de vista patrimonial. Jorge Sobrado, vereador da cultura da CMV, realça a importância da concretização de um projeto de escultura pública referindo que o Poldra (nova instalação no local) “vem permitir um novo olhar sobre a Mata do Fontelo”.
É certo que o reforço do pulmão verde da cidade-jardim é uma estratégia ambiciosa do município, mas a verdade é que ainda há muito a fazer, nomeadamente ao nível da monitorização do usufruto deste espaço verde e da avaliação da sua qualidade.
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