Na sequência da comemoração do Dia Mundial do Cancro – 4 de fevereiro – e do Dia Internacional da Criança com Cancro – 15 de fevereiro, decidiu-se efetuar um conjunto de pesquisas que permitissem conhecer dados sobre a incidência e tipos de cancros infantojuvenis existentes no nosso país, tipos de cancro mais significativos na Área Metropolitana do Porto, onde se insere o Agrupamento de Escolas de Arouca, a relação entre fatores ambientais e a incidência de cancro, assim como formas de prevenir as doenças oncológicas.
Os dados mais recentes sobre o Cancro Infantil em Portugal, referem que a doença oncológica é a primeira causa de morte, por doença, nas crianças, contudo, refira-se, que a taxa de sobrevivência é de aproximadamente 80%.
Todos os anos são diagnosticados 350 novos casos de Cancro Infantil em Portugal. Fazendo uma análise por sexo e idade constata-se que, na generalidade, os rapazes são mais atingidos que as raparigas nas faixas etárias 1-4 e 15- 19 anos. (1)
O serviço de Oncologia do Hospital Pediátrico de Coimbra registou um aumento de Cancros Infantojuvenis em 2017, disse à agência Lusa a diretora Fátima Heitor. “Tenho a impressão que o acréscimo de novos tumores se deve ao aumento dos fatores de risco ambientais, como a poluição, aliado a uma maior fragilidade das crianças e jovens aos mesmos fatores agressores” (2)
Tanto na Região Norte como na Região Sul, e por ordem de número de casos, os tipos de cancro mais frequentes são: as leucemias, os que afetam o Sistema Nervoso Central e os linfomas.
Segundo dados do pordata, relativamente à evolução da mortalidade da população residente , em cada 100 habitantes, entre 1981 e 2017, devido a tumores malignos, na Área Metropolitana do Porto, tem-se registado um aumento dos valores , salientando-se em particular os concelhos de São João da Madeira (33,1%), Vila do Conde (30,7%), Póvoa do Varzim (29,4%), Gondomar (28,7%), Maia e Paredes (28,5%) e Matosinhos e Valongo (28,3%). De todos os concelhos, aquele que registou a percentagem mais baixa de mortalidade devido a cancro foi Arouca (17,3).
Comparando a variação entre datas nos municípios da AMP e a realidade nacional (a mortalidade em Portugal associada a tumores registou um aumento de 11,1%, entre 1981 e 2017), confirma-se a situação supracitada do concelho de Arouca que, com um crescimento de 1,4%, se encontra bastante abaixo da média portuguesa. Os territórios que apresentam uma maior discrepância relativamente ao valor mádio existente em Portugal, são Vila do Conde (+ 16,8%), São João da Madeira (+14,7%), Valongo (+ 14,6%), Paredes (+14,5%), Póvoa do Varzim (+14,3%), Vale de Cambra (+13,5%) e Maia (+12,5). (3)
No que respeita à relação entre os fatores ambientais e a ocorrência de doenças oncológicas têm sido realizados estudos epidemiológicos humanos sobre a relação entre a exposição crónica a partículas em suspensão (fuligens, dioxinas, ozono, dióxido de enxofre, entre outros), na atmosfera e a incidência de cancro do pulmão. Estes mostram uma associação entre ambos, muito embora se encontrem limitados pela falta de dados da exposição humana às partículas em suspensão, e pelos fatores de confusão, como o fumo do tabaco, reconhecido carcinogénico. A estimativa do efeito de risco é maior nos homens que passaram mais tempo ao ar livre aumentando as suas exposições à poluição do ar em comparação com as mulheres. (4)
Estudos feitos em Portugal, na região mineira da Urgeiriça (exploração de urânio), e também na Panasqueira (exploração de volfrâmio), revelaram um elevado número de doenças inflamatórias e cancro tendo, relativamente à primeira, sido registado, desde 1986, uma taxa de mortalidade dos trabalhadores mineiros de 50%. É ainda de salientar o aparecimento de fenómenos carcinogénicos não só nos trabalhadores mineiros, mas nos seus familiares, o que pode estar ligado ao facto de as mulheres lavarem à mão, durante anos, os fatos de trabalho dos maridos, e às poeiras radioativas em suspensão que, posteriormente, se infiltraram nos solos e contaminaram também os aquíferos. (5)
Relativamente às formas de prevenir o cancro, convém referir que não sendo este apenas uma doença, mas múltiplas com diferentes causas sabemos que, um estilo de vida saudável, menos stress, uma alimentação equilibrada, combate à obesidade e exercício físico reduzem a probabilidade do seu aparecimento. Para além da melhoria de hábitos importa prevenir e insistir na vigilância, uma vez que quanto mais precoce for o diagnóstico melhor será o seu prognóstico e probabilidade de sobrevivência.
Nunca é demais salientar que o tabagismo, o álcool em excesso e a exposição solar são fatores de risco relativamente aos quais nos devemos proteger através das seguintes ações:
- Não fumar;
- Não permitir que sejamos fumadores passivos;
- Evitar a excessiva exposição solar e caso ocorra, colocar sempre protetor solar com um fator de proteção 50! (6)
Bibliografia
- Saúde, SNS – Serviço Nacional de. SNS – Serviço Nacional de Saúde. 02 de fevereiro de 2018. https://www.sns.gov.pt/noticias/2018/02/02/dados-do-cancro-em-portugal/ (acedido em 08 de março de 2019).
- Casaca, Isa Sofia. “Universidade do Algarve.” ualg.pt. setembro de 2017. https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/10431/1/Disserta%C3%A7%C3%A3oIsaCasaca.pdf (acedido em 08 de março de 2019).
- Santos, Fundação Francisco Manuel dos. Por Data. 22 de fevereiro de 2019. https://www.pordata.pt/DB/Municipios/Ambiente+de+Consulta/Tabela (acedido em 07 de março de 2019).
- Lusa, Agência. Sic Notícias. 23 de fevereiro de 2018. https://sicnoticias.pt/pais/2018-02-23-Cancros-infantojuvenis-aumentaram-em-Coimbra-em-2017 (acedido em 19 de março de 2019).
- Rodrigues, Ricardo. Urgeiriça: «o Estado sabia que o minério matava e deixou-nos aqui para morrer», 27 de novembro de 2017.
- CUF, Saúde. Saúde CUF. 18 de fevereiro de 2014. https://www.saudecuf.pt/mais-saude/artigo/estilo-de-vida-ambiente-e-cancro (acedido em 08 de março de 2019).
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