O estado da água que nos rodeia

Hoje em dia existe cada vez mais poluição nas águas que banham os continentes e a maior parte da poluição existente provém de atos irresponsáveis do Homem. Os produtos químicos lançados para a água, alguns excessivamente tóxicos, são facilmente ingeridas pelo plâncton, percorrendo as redes alimentares, acabando por provocar o desequilíbrio dos ecossistemas. Uma vez no Homem, a poluição marinha prejudica a sua saúde, o seu bem-estar e a sua segurança.

Um dos poluentes mais mencionados na atualidade são os microplásticos. De acordo com o site oficial do Parlamento Europeu (PE), os microplásticos são minúsculos pedaços de material plástico com menos de 5 milímetros, que podem ser divididos em duas categorias principais de acordo com a sua origem: os microplásticos primários, libertados diretamente para o ambiente como pequenas partículas, que se estima que representem entre 15% a 31% dos microplásticos nos oceanos, e os secundários, que provêm da degradação de objetos de plástico de maiores dimensões, como sacos, garrafas ou redes de pesca, e que se contabilizam entre 69% a 81% dos microplásticos encontrados nos oceanos. Apesar de já terem sido aprovadas importantes medidas pelo PE, considera-se pertinente a divulgação desta problemática, para sensibilizar os diferentes membros da comunidade e, com isso, esperar que as mentalidades se alterem e se crie uma sociedade comprometida com o ambiente, independentemente das normas e regulamentações. A Escola Secundária Filipa de Vilhena resolveu contribuir para a divulgação do fenómeno. Desta forma, três alunas desenvolveram um trabalho, em colaboração com o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), cujos objetivos foram compreender o impacto dos microplásticos presentes nas águas que banham o Porto sobre os seres vivos, em particular sobre o Homem, e alertar a população para essa questão. Com base no problema “Será que é possível demonstrar a presença de microplásticos em seres marinhos que são a base da nossa alimentação?”, realizaram uma atividade laboratorial utilizando dois alimentos que se pescam e vendem na região do Porto – o mexilhão (Fig.1) e o carapau – e que são utilizados comummente na alimentação da população local. Efetuaram um procedimento experimental utilizando as glândulas digestivas do mexilhão e o conteúdo estomacal e intestinal do carapau (Fig. 2)para proceder à contagem de microplásticos presentes em cada uma das amostras recolhidas. 

Fig. 1 – Interior do mexilhão

Fig. 2 – Remoção do estômago e intestino do carapau.

 

 

 

 

 

Fig. 3 – Os microplásticos, por serem menos densos, ficarão em suspensão na solução e a restante matéria afundará.

As minúsculas partículas de plástico foram encontradas em todas as amostras observadas (Fig. 3). Comparativamente com o número de microplásticos existente nos mexilhões, o carapau apresenta um maior número. Contudo, tendo em conta a diferença de tamanho entre o mexilhão e o carapau, o mexilhão tem mais microplásticos por grama do que o peixe. Isso poderá ser explicado pelo facto de o mexilhão ser filtrador e, com este método de alimentação, provavelmente ingerir mais microplásticos do que o peixe. Concluíram que existem microplásticos nas águas que banham o Porto e que existe uma probabilidade muito elevada de estarem a ser ingeridos pela população. O mexilhão, pertencente ao grupo dos mariscos, é muito apreciado pela população da região e o carapau é um peixe bastante comum na nossa costa e muito utilizado na confeção de pratos no dia a dia. Embora ambos contenham microplásticos, no caso do peixe a probabilidade de serem ingeridos é menor, uma vez que, regra geral, retiram-se as vísceras durante a sua preparação, sendo que é lá que se encontram os microplásticos.

Em suma, estes resultados servem para alertar a população. As alunas pretendem utilizar os dados presentes no trabalho para a implementação de atividades práticas com crianças e jovens de diferentes idades, de forma a sensibilizá-las para a importância de alterar hábitos incorretos, evitando assim a poluição dos oceanos, particularmente, por plástico.

Mariana Ferreira, Beatriz Silva e Juliana Sá, 10.ºB