O equilíbrio do dia-a-dia passa por fazer escolhas sustentáveis, primar pela redução e promover a reutilização. No que toca a desperdício alimentar as mesmas máximas aplicam-se. De acordo com a FAO (Food and Agriculture Organization), cerca de 1/3 de todos os alimentos produzidos anualmente a nível mundial é desperdiçado, sendo que a nível nacional o Projeto de Estudo e Reflexão do Desperdício Alimentar (PERDA) estima o desperdício alimentar anual em 1 milhão de toneladas de alimentos, dos quais 324 mil toneladas são desperdiçadas ao nível do consumidor. Estes números, traduzem-se num impacto ambiental, económico e social bastante significativo.
Apesar de muitas soluções terem nascido para responder ao desafio imposto pelo desperdício alimentar, ainda há muito a desenvolver, em especial no que toca à educação e sensibilização da população para uma mudança de postura já que o desaproveitamento se verifica desde a produção e processamento, na distribuição e venda, até ao nível dos consumidores.
Os quilos de alimentos que terminam no lixo, porque são feios ou não têm o melhor formato, porque compramos a mais e porque aproveitamos de menos, não só poderiam ajudar a colmatar o problema da fome mundial como também geram um impacto ambiental com uma dimensão considerável. O lixo orgânico, enterrado nos espaços anaeróbios das lixeiras, estimula a produção de metano, um gás com um efeito de estufa mais forte que o dióxido de carbono. O desperdício alimentar contribui, juntamente com os transportes, com a indústria e com a agropecuária, para a forte emissão de gases com efeito de estufa. A agudizar este panorama está o facto de que uma parte do contributo da agropecuária e da indústria para essa emissão total, foi na produção de produtos alimentares que foram depois desperdiçados e inutilizados.
Economicamente falando, ressalva-se toda a água, luz, gás, combustíveis, matéria-prima e mão de obra que são utilizados em vão. Mesmo ao nível do consumidor, há gastos inerentes aqueles produtos que acaba por não consumir, sendo que poderiam ser redireccionados para outras necessidades.
Em Portugal são vários os programas que têm por objectivo limitar as quantidades de alimentos no lixo. Exemplos disso são: a Dose Certa, Fruta Feia, Good After, ReFood e Zero Desperdício. Estes projectos incluem a participação de vários voluntários, pelo que cada um de nós pode contribuir para este objectivo comum, promovendo a alteração de hábitos de consumo e implementação de atitudes mais sustentáveis.
Todavia, o principal contributo de cada cidadão começa com pequenas atitudes, no dia-a-dia, em casa, no supermercado, no trabalho. Assim, basta ter em conta as suas necessidades e não comprar mais do que necessita (sendo preferível comprar com mais frequência do que em maior quantidade). A ter em atenção as datas de validade do produto aquando a sua compra, para que possa consumir o que adquire antes do fim da validade. Para além disso, é necessário saber interpretar esta mesma data de validade; “consumir até” refere-se a produtos com pouca validade e que devem consumidos necessariamente até aquela data, “consumir de preferência antes de” refere-se a produtos que devem ser consumidos até um determinado dia, mas que se mantêm aptos para consumo nos dias que se seguem, desde que armazenados nas condições ideais.
São pequenas acções, pequenas atitudes que quando tomadas por um número considerável de pessoas na nossa população podem fazer a diferença. Viver num mundo mais equilibrado em que tenhamos em conta o próximo e o meio ambiente é, sem dúvida, a chave do equilíbrio de cada dia.
O Equilíbrio de Cada Dia
O desperdício alimentar tem sido alvo de especial atenção por parte das identidades portuguesas e europeias responsáveis pela diminuição da quantidade de alimentos que acaba no lixo, e que nos têm sensibilizado para a adopção de uma nova postura face a esta problemática. Mas afinal o que temos feito para contribuir para uma concepção de alimentação mais sustentável?
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