Durante todo o ano vemo-lo nos supermercados. É o peixe das mil e uma receitas: à Brás, à Gomes de Sá, ou à Zé do Pipo, todas as formas são válidas para o colocarem na mesa dos portugueses. Os números do consumo de pescado, e em especial de bacalhau comprovam-no: cada português consome, em média, 62 kg per capita de pescado anualmente, sendo que 50% corresponde a bacalhau. Pascoal & Filhos é uma das empresas nacionais que centra a sua atividade nesta área. Tendo mais de 80 anos de história, a empresa, localizada no município de Ílhavo, é uma das grandes entidades empregadoras da região ao fornecer emprego a 280 funcionários.
Do mar para o prato
A jornada do bacalhau começa quando este é pescado na zona do Atlântico Norte. Duas embarcações asseguram a pesca por arrasto da espécie, e é na fábrica que se efetua a demolha ou seca do pescado, e se dá todo o processo até que o produto final chegue ao consumidor. A esmagadora maioria da produção é comercializada em território nacional, mas também as exportações começam a ter um peso nas receitas: 20% do bacalhau é exportado para o chamado “mercado da saudade”, os países onde os emigrantes portugueses estão em larga maioria representados.
Surpreender o consumidor foi o objetivo da empresa ao lançar no mercado o bacalhau demolhado ultracongelado, sendo por isso pioneiros neste campo. Durante este processo, muitas partes do bacalhau não eram aproveitadas – quase 50% do peixe acabava por não ter nenhuma utilidade.
Foi com o objetivo de evitar todo este desperdício alimentar que, em 2002, a empresa lançou no mercado refeições ultracongeladas.
Pesca sustentável… até que ponto?
Num contexto de cada vez maior preocupação com a possível extinção de espécies, as entidades reguladoras e fiscalizadoras têm posto em prática uma legislação cada vez mais rigorosa e procurado introduzir sistemas de pesca cada vez mais seletivos, que respeitem os ciclos naturais de reprodução das espécies. As quotas à pesca impostas pela União Europeia, ou outras medidas – de que é exemplo o aumento do tamanho das malhas das redes de pesca, que evitam, desta forma, a pesca dos exemplares mais pequenos das espécies- têm procurado garantir esse mesmo equilíbrio.
Há alguns anos atrás, A Pascoal & Filhos tentou tornar viável a produção de bacalhau em cativeiro, por via da aquacultura. No entanto, esta trata-se de uma área sensível e que levanta várias questões, nomeadamente no que à alimentação e quantidades a dar aos peixes diz respeito. Nas palavras do próprio administrador, Engº João Vieira, “a experiência não correu bem”.
O bacalhau, como espécie canibal, quando se alimenta, é capaz inclusive de se alimentar das suas crias, pelo que, estando em cativeiro, tal cenário acabaria por resultar na eliminação de grande parte das crias, o que impossibilitaria a reprodução. Em termos energéticos, é o arrefecimento da água para demolha do bacalhau que consome grande parte da fatura de eletricidade. Tendo como base este problema, o objetivo desta indústria piscícola é apostar no desenvolvimento de um plano de eficiência energética a longo prazo.
Manter a identidade da marca, a sua tradição, a importância estratégica da empresa na economia regional, é o caminho a seguir nos próximos anos de vida da empresa sediada no distrito de Aveiro.
Grupo A3
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