O Narcissus cyclamineus, conhecido vulgarmente por narciso, é uma espécie típica da flora primitiva tendo sido muito abundante no passado, na Serra da Freita e em muitos outros locais da Europa. No momento, é muito rara e corre risco de extinção. Em Portugal existem, apenas, pequenos núcleos de sobrevivência desta espécie em Paredes de Coura e na Serra da Freita, em Arouca.
Não existem estudos científicos sobre as propriedades medicinais desta espécie, embora tenha sido muito procurada pela medicina tradicional nas décadas de 60/70. Uma das principais causas da redução desta espécie, em toda a extensão da serra, é atribuída à recolha intensiva que ocorreu à cerca de 50 anos. Nessa altura, assim que a planta emergia do solo e florescia era colhida pela população local, não chegando a produzir sementes e, consequentemente, não produzindo novos exemplares.
Por outro lado, na sua deslocação, quase diária pela serra, para áreas de pastagem, o gado bovino da raça arouquesa e os rebanhos vão pisoteando e comendo alguns exemplares que a cada ano vão teimando em aparecer. Desta forma os poucos exemplares de Narcissus cyclamineus destas áreas vão perdendo a oportunidade para florescer e se reproduzir.
Mas serão estas as únicas razões para o declínio desta espécie? Foi esta a questão que serviu de base para um trabalho de investigação que 3 alunas de 12ºAno da Escola Secundária de Arouca estão a desenvolver desde o ano letivo anterior.
O objetivo desta investigação é tentar perceber se as características da morfologia floral e tipo de polinização desta espécie, também não propiciam o sucesso reprodutivo que outras espécies do género Narcissus alcançaram na Serra da Freita.
Até ao momento, os resultados obtidos mostram que esta planta, polinizada por insetos, produz maior número de sementes e sementes de maior peso, quando polinizada por pólen de outras flores (polinização cruzada). O que indica que os insetos que visitam estas flores na época da floração (final de fevereiro até ao final de março) têm um papel preponderante no sucesso reprodutivo da espécie. As chuvas, que nos últimos anos se têm feito sentir nesta época do ano, não facilitam a vida aos insetos nesta tarefa.
Assim, parece que o futuro deste Narciso na Serra da Freita, esteve e estará dependente de um conjunto de fatores naturais e antropogénicos. Será possível a sobrevivência e repovoamento da Serra por esta espécie?
É o que esperam a Madalena, a Paula e a Sara, autoras do trabalho de Investigação da Escola Secundária de Arouca.
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