O concelho de Vila Velha de Ródão, situado junto ao rio Tejo, desenvolveu, ao longo da sua história, uma tradição ancestral no cultivo do olival e na exploração do azeite como produto de elevada importância económica. As imponentes e multicentenárias oliveiras que circundam o espaço da capela da Srª da Alagada provam essa antiguidade.
A escola, como instituição da comunidade local, deve promover o conhecimento da realidade que a rodeia e, por isso, considerou-se pertinente desenvolver um trabalho que retrate e dê a conhecer o mundo rural, na vertente da produção e extração do azeite. Para isso, os alunos do 9ºA propuseram-se desenvolver um trabalho, no sentido de ficar a conhecer esta realidade, tendo entrevistado duas individualidades – Francisco Henriques, investigador local que realizou um estudo sobre um lagar social já desativado e fez o inventário dos lagares existentes no concelho e Maria do Carmo Sequeira, presidente da autarquia, que falou sobre o projeto da recuperação do Lagar de Varas, espaço museológico situado no centro da vila.
Francisco Henriques referiu a importância do azeite na economia rodense e falou sobre as caraterísticas dos lagares por ele inventariados: 84 unidades, de pequena e média dimensão, distribuídas por quase todas as localidades do concelho e a maioria já desativadas. Esta investigação demonstrou que o azeite foi, desde sempre, um produto de elevada importância na economia familiar desta zona e que servia de moeda de troca, devido ao seu valor, constituindo sinal de riqueza.
Constata-se que, atualmente, a maioria destes lagares está desativada ou em ruínas e que os olivais situados nas encostas do Tejo se encontram abandonados. Por que razão? Segundo o investigador, esta situação resulta sobretudo do envelhecimento da população do concelho, processo que se tornou mais visível a partir da década de 50 do século passado e que se reflete no abandono das terras e, consequentemente, dos olivais.
Dada a importância e a representatividade concelhia deste tipo de unidades industriais, procurou-se ainda compreender a importância que o município atribui a este rico património, especialmente os lagares, e de que forma o tenciona preservar, no âmbito da estratégia de valorização da identidade local e do desenvolvimento turístico do concelho.
Para melhor ter a noção do quanto este património se apresenta relevante, foi promovida uma visita guiada ao espaço museológico do Lagar de Varas, recentemente recuperado pela Câmara de Ródão, e que apresenta um conjunto diversificado de tecnologias de extração de azeite, que vão desde as tradicionais varas, onde um tronco de grandes dimensões era utilizado, como contrapeso, para apertar as seiras e extrair o azeite da azeitona, entretanto esmagada, num pio de granito movido pela força de animais.
Foi neste local privilegiado que os alunos conversaram com Maria do Carmo Sequeira, que lhes explicou o processo que levou à aquisição e posterior recuperação do lagar. Segundo a presidente da câmara, este era “um espaço que tinha valor para preservar a história do concelho, que se confunde muito com o fabrico do azeite”. O município tem várias atividades previstas para dinamizar este local, que constitui um ponto de grande interesse para os forasteiros que visitam o concelho, os quais, a par do monumento natural das Portas de Ródão, podem também visitar o Museu de Arqueologia e Centro de Interpretação da Arte Rupestre do Tejo e este lagar.
Na opinião de Maria do Carmo Sequeira, “o património rural tem muito a ver com a identidade do concelho e com a memória dos nossos antepassados, que fizeram um grande esforço para trabalhar as terras e divulgar os produtos de qualidade que produziam”. Neste sentido, destaca-se o trabalho desenvolvido pela autarquia para a criação, nas diferentes freguesias, de vários pontos de interesse destinados a constituir uma grande rota do concelho de Ródão e que inclui património natural e rural, integrados ou não em rotas destinadas a pedestrianistas e a outros tipos de públicos.
O projeto do município intitulado Terras de Oiro, cujo principal objetivo é ajudar a promover o azeite produzido na região, é um projeto importante, e o que se pretende é dinamizar a economia local e dar a conhecer o património rural recuperado, no qual se integram os lagares.
Jovens Repórteres do Ambiente do 9ºA
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