Confinamento não melhorou a qualidade do ar de Braga

Em 2020, na cidade de Braga, a qualidade do ar voltou a registar, valores médios anuais, de poluentes acima do limite legalmente permitido. A existência de elevadas quantidade de poluentes atmosféricos torna-se preocupante para a saúde das pessoas que vivem junto a certas áreas da cidade, apesar de o ano 2020 ter sido marcado pelo confinamento obrigatório.

Ao contrário da maior parte do país, em que o período de maior confinamento permitiu o cumprimento da legislação sobre as emissões de poluentes, Braga ultrapassou o valor médio anual permitido por lei. De acordo com a associação Zero, que analisou os dados da estação de monitorização em zonas de tráfego da Avenida Frei Bartolomeu dos Mártires, os dados recolhido revelam valor-limite anual 42 µg/m³ de dióxido de azoto, acima dos 40 µg/m³ permitidos por lei.

O confinamento em abril de 2020, a que o surto de covid-19 obrigou, provocou uma queda média do tráfego diário em todo o mundo, o que levou a que em 2020 a maioria das cidades apresentassem  melhoria nos indicadores de qualidade do ar, mas em Braga a qualidade do ar apresentou-se acima do limite anual permitido. Estes gases poluentes não só causam danos na natureza, como também no ser humano.

Situação do tráfego em Braga

Em 2020, segundo o estudo do Traffic Index Ranking, em termos nacionais, Braga foi a terceira cidade com mais nível de congestionamento rodoviário, abaixo de Lisboa e do Porto. Foi apontada, pelo ‘ranking’ de tráfego rodoviário, a cidade portuguesa analisada com o maior aumento do nível de congestionamento. Para o vereador do urbanismo da Câmara Municipal de Braga, Miguel Bandeira, “o modo como continuamos a assistir ao aumento do número de automóveis a circular, numa rede de estradas que não comporta esse crescimento, deve levantar-nos muitas preocupações”. A Arquiteta Filipa Corais, chefe de divisão do Gabinete da Mobilidade da Câmara Municipal de Braga, informa que “os transportes são responsáveis em parte pela poluição, pelo ruído, mas só numa percentagem de cerca de 30%” e ainda que “84% dos movimentos de entrada e saída de Braga são de entrada na cidade”. 

Criação de uma “Zona 30” em São Vicente – Quinta da Fonte     

  A associação Zero exigiu ainda medidas por parte dos responsáveis municipais, no sentido de “assegurar a salvaguarda da saúde pública” de quem trabalha e habita nas cidades. Nas cidades de Porto e de Braga, a organização considerou ser “fundamental reduzir e/ou regular o tráfego rodoviário nas zonas afetadas por elevados níveis de poluição, limitando a passagem de veículos mais antigos ou avaliando outras medidas que permitam reduzir as concentrações”. Mas, segundo o vereador Miguel Bandeira, “a Câmara Municipal de Braga está a tomar medidas, sobretudo a médio e longo prazo, que possam vir a contribuir para a diminuição desses maus indicadores”, afirma ainda que “os transportes urbanos podem resolver de imediato problemas de congestionamento de tráfego”. O Plano de Mobilidade Urbana Sustentável, para Miguel Bandeira é “um modo de tentarmos prever como é que as coisas estão a evoluir e corrigir os seus efeitos negativos e criar medidas que valorizem os seus aspetos positivos”, mas que “as soluções estão a médio prazo e não a tão curto prazo como gostaríamos” A  implementação das “Zonas 30” é uma medida para reduzir , poluição e melhorar a  mobilidade nas estradas em Braga, limitando a velocidades de 30km/h em áreas urbanas nas quais habitam mais de 15 mil pessoas, no caso da  Makro, Torre Europa, Quinta da Fonte e Montélios.

 

Consequências da exposição excessiva ao dióxido de azoto

O dióxido de azoto é um gás reativo libertado por vezes por motores industriais e veículos motorizados e usinas termoelétricas, etc. É conhecido pela sua coloração castanha em algumas situações e pelo seu cheiro forte. Por ter propriedades anestésicas, ao ser inalado o dióxido de azoto dá uma sensação agradável, mas é tóxico e pode causar danos graves na saúde do ser humano ou de animais. O composto do dióxido de azoto   agrava mais a bronquite e a asma, principalmente em idosos ou crianças e grupos de risco, pessoas com problemas respiratórios, pois diminui a resistência a infeções respiratórias e é irritante para os pulmões.

Entrevistados:

Miguel Bandeira, vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Braga

Filipa Corais, chefe de divisão do Gabinete da Mobilidade da Câmara Municipal de Braga

Fontes:

https://www.sabado.pt/ciencia—saude/detalhe/avenida-da-liberdade-cumpre-valor-limite-de-dioxido-de-azoto-em-2020

https://www.tomtom.com/en_gb/traffic-index/ranking/

https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/qualidade-do-ar-em-portugal-apresenta-melhorias-mas-lisboa-porto-e-braga-registam-elevadas-concentracoes-de-poluicao-atmosferica-616973

https://www.cm-braga.pt/pt/0101/viver/ambiente/qualidade-do-ar

https://www.tcontas.pt/pt-pt/ProdutosTC/Relatorios/RelatoriosAuditoria/Documents/2020/rel08-2020-2s.pdf

https://ominho.pt/avenida-de-braga-com-poluicao-acima-da-media-em-2020-apesar-do-confinamento/?fbclid=IwAR3482p7bTWIoWsamqwlSw4TuCB1giGZWyXD4Nonj9wKvDg2SHHZbHz5ang

https://www.portugal2020.pt/content/obras-para-implementacao-das-zonas-30-arrancam-em-quatro-zonas-de-braga

Olívia Henry Martins