A Ultriplo Lda tem como princípio o combate ao conceito de fim-de-vida da economia linear, procurando novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado, dando corpo à economia circular. Segundo Roel Karst, sócio gerente da Ultriplo Lda, ‘’a Ultriplo tem contentores nas ruas e servem para as pessoas meterem roupa que já não usam ou que está estragada’’. A roupa está dividida em roupas de verão, inverno e também em qualidades. Segundo Roel Karst, “Há diferentes tipos de qualidades, a “Creme”, que é a mais luxuosa, a número 1, que é a melhor a seguir da “Creme”, a número 2, 3 e a número 4 que é a de menor qualidade. No entanto, “o problema é que nem tudo que está nos contentores é usado, pois 60% é reutilizado, 30% reciclado e 10% é mesmo lixo. Na parte que é lixo, existem coisas inúteis que não servem para reciclar nem para reutilizar, e a parte que é reutilizada ou reciclada é doada para associações ou é comercializada para outros países para nos sustentarmos”, informa Roel Karst.
Existem mais de 3000 contentores em Portugal Continental e recebem cerca de 500 mil quilos de roupa por mês, o que faz com que mantenham um stock de 30 toneladas para resposta imediata à Cruz Vermelha, em situações de catástrofe. Roel remata, “Imagina que não há contentores para a roupa, as pessoas vão deitar no lixo ou dar para a Cruz Vermelha. Lá, recebem cerca de 200 quilos por mês, mas depois precisam de voluntários para fazer uma seleção para cumprir os pedidos que recebem de pessoas necessitadas”. Segundo este gerente “Este processo não é eficaz. Mas, na Ultriplo, temos profissionais pagos e formados para avaliar a qualidade das peças e a seleção das mesmas.”
A produção de vestuário é diversificada e complexa, desde da recolha de matéria prima, fiação, tratamento das fibras, produção, tratamentos químicos, coloração dos tecidos, tecelagem, design das peças, corte e costura até aos acabamentos finais. O estudo “The State of Fashion 2021: In search of promise in perilous times”, aponta para que 6% das emissões globais de gases de efeito estufa e que 10 a 20% do uso de pesticidas, bem como 20 a 35% dos microplásticos existentes nos oceanos está diretamente ligado à indústria têxtil. O dinamismo da indústria da moda e a “fast fashion”, um modelo em que os produtos são fabricados, consumidos e descartados constantemente de forma rápida, gera desperdícios com elevadas consequências ambientais.
A recolha para reutilização, realizada por empresas como a Ultriplo, é feita em contentores específicos localizados na via pública, podendo ser uma forma ambientalmente impactante para a sociedade. No entanto, é importante que exista uma consciencialização no destino que se pode dar às roupas usadas, especialmente a que está em bom estado ou simplesmente possa não corresponder aos padrões ditados pela “fast fashion”.
Bibliografia:
https://www.modefica.com.br/relatorio-fios-da-moda-2/#.YJQYi7VKiUl
https://www.mckinsey.com/industries/retail/our-insights/state-of-fashion#
You must be logged in to post a comment.