Contadores inteligentes: uma opção sustentável

Nos últimos meses têm sido várias as notícias sobre o aumento do preço da eletricidade.

Contudo, na realidade a maioria das pessoas não sabe quanto está a gastar de eletricidade ou como está a gastar. Quais são as horas de maior consumo, quais os equipamentos mais e menos eficientes, são algumas das perguntas que muitas vezes ficam sem resposta.

Além disso, muito dos consumidores que usufruem da Energia Elétrica por parte de um distribuidor, nem sempre conseguem ter a certeza se o que foi consumido é realmente o que estão a pagar.

A necessidade de criar um equipamento capaz de indicar em tempo-real o consumo assim como a tarifa a ser aplicada por hora ajuda aos consumidores a ter um maior controlo no consumo efetuado.

Saber quanta energia se está a consumir e quais os equipamentos que mais contribuem para a fatura da eletricidade é, hoje em dia, uma realidade em muitos agregados familiares.

É o caso da família Teixeira. Um dos 250 agregados familiares que participam no projeto “Consumidores eficientes para decisões inteligentes”.

Francisco Gonçalves, engenheiro na Agência Lisboa E-Nova responsável pela dinamização do projeto, explica que este realiza-se no âmbito do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia Elétrica, promovido pela ERSE, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.

Afirma ainda que 250 participantes receberam um Cloogy. Uma solução portuguesa de gestão energética residencial desenvolvida pela ISA, que os vai ajudar a tomar «decisões mais eficientes.» Depois de instalado no contador elétrico de cada voluntário, o Cloogy dá-lhe informação sobre os seus consumos em tempo real, através de um display e de um portal web, permitindo-lhe atuar de imediato sempre que este valor for excessivo.

Marina Teixeira, participante neste projeto, realça a simplicidade de funcionamento do sistema a par das informações por ele recolhidas. Francisco Gonçalves explica que o Cloogy permite fazer leituras de 15 em 15 minutos e por isso fornece informações que um contador normal não consegue dar. Dessa forma, este contador inteligente permite definir perfis de consumo, algo que não é possível com os normais contadores da eletricidade.

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Funcionamento do Contador Inteligente Cloogy.

 Marina Teixeira realça que após a instalação do contador inteligente foi possível analisar o consumo de eletricidade e, em família, tomar decisões como por exemplo: combater o desperdício, instalar tomadas com botão para assegurar o combate ao stand-by, optar pelo uso ou desuso de certos equipamentos e as horas mais aconselhadas para ligar, por exemplo, máquinas de lavar roupa. Realça com orgulho que já conseguiram uma redução de 30% no consumo de eletricidade.

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Gráfico relativo ao perfil de consumo da Família Teixeira, no mês de Abril. Os dados são disponibilizados pela Agência Lisboa E-Nova e foram cedidos por Marina Teixeira. A análise destes dados permite tomar decisões mais objetivas e fundamentadas.

Os contadores inteligentes estão longe de ser uma novidade ao nível da medição da eletricidade, mas a verdade é que os consumidores portugueses na sua generalidade têm estado arredados dos benefícios desse tipo de equipamentos. Estima-se que os consumidores de eletricidade poderão vir a poupar no longo prazo mais de 400 milhões de euros com a instalação de contadores inteligentes, uma nova geração de aparelhos que permitirá ao cliente conhecer…

Os contadores inteligentes, quando forem utilizados em massa, permitirão aos gestores do sistema ter uma perceção mais clara da capacidade dos portugueses para flexibilizarem os seus consumos. E até para gerirem a sua própria produção de eletricidade, caso disponham de sistemas de microgeração, como os painéis fotovoltaicos.

A ERSE está a realizar uma avaliação económica dos custos a longo prazo da implementação de contadores inteligentes. Se esta avaliação for positiva, pelo menos 80 % dos consumidores em Portugal, vão ser equipados com sistemas de contadores inteligentes até 2020.

Ter uma melhor caracterização do consumo é o próximo desafio que se vai pôr aos operadores das redes de distribuição. De certa forma vive-se hoje um processo equivalente ao da revolução industrial, tendo em conta o significativo processo de transformação na forma como usamos a energia. No entanto, para que os contadores inteligentes funcionem será necessária também a compreensão por parte do consumidor do seu papel no sistema. Só a partir daí, com os cidadãos informados, é que a rede elétrica poderá ser gerida com mais eficiência.

Ana Catarina Pauleta, Carolina Fonseca, Mariana Monteiro.

Colégio Valsassina

Agradecimentos: Este trabalho não teria sido possível de realizar sem a colaboração de Francisco Gonçalves, da Agência de Energia Lisboa E-Nova e de Marina Teixeira, participante no projeto “Contadores inteligentes para decisões eficientes”.

Ana Catarina Pauleta, Carolina Fonseca, Mariana Monteiro