Entrevista
Quais as diferenças entre uma vespa asiática e as vespas nativas?
As principais diferenças entre a vespa europeia (nativa) e a vespa asiática (velutina) são a dimensão e aquilo que se alimentam. Enquanto a vespa europeia tem uma dimensão muito mais pequena, é mais amarela e não é carnívora, a vespa asiática tem uma dimensão grande (tamanho de uma moeda de 2€), é quase toda preta, tendo listagens cor de laranja no dorso e as patas e cara a cor de laranja. A vespa asiática para além de se alimentar, num certo período do ano, de pólen é carnívora, alimentando-se principalmente de abelhas.
Qual a influência das vespas asiáticas no ambiente e nos produtores de mel?
Como sabem, o impacto é muito grande e destrutivo, visto que grande parte dos nossos alimentos carecem de polinizadores para que possam florescer e crescer. Estamos a falar, por exemplo, do vinho, da laranja e muitos outros. Como a abelha é o principal polinizador, se o número de abelhas diminuir vamos ter menos frutos disponíveis, porque a polinização vai ser menor e, por consequência, a produção de alimentos também será menor. É uma situação com grave impacto ambiental.
Para além disso as colmeias estão a ser dizimadas pela vespa asiática, originado uma redução drástica da produção de mel.
No que se refere ao ano de 2022, está num estado alarmante a velocidade de propagação da vespa velutina, ou esta tem vindo a diminuir?
No ano de 2022, está a começar a época de reprodução da vespa asiática, pois elas estão agora a sair dos ninhos primários e irão iniciar os ninhos secundários. Portanto ainda temos poucos dados para falar do ano 2022. No ano de 2021, verificou-se um forte aumento referente aos outros anos, uma vez que, nos quatro anos anteriores, essa velocidade tinha vindo a diminuir, sendo que no ano de 2021 teve um aumento muito significativo, tendo aumentado mais de 50% em relação ao ano de 2020.
O que é que devemos fazer caso avistemos um ninho de vespas asiáticas?
Caso avistem um ninho de vespa asiática devem identificá-la corretamente, segundo as características que referi na primeira pergunta e não se devem aproximar nem mexer no ninho, porque as vespas asiáticas só se tornam agressivas quando sentem o ninho ameaçado. Posto isto, não a tentando matar ou destruir, o que devem fazer é contactar com a autarquia ou com a junta de freguesia ou os bombeiros, mas principalmente através da autarquia pelo número de telefone. Poderão fazê-lo, identificando o local, deixando o respetivo contacto, para depois a equipa de proteção civil ir ao local verificar as condições de acesso e proceder à destruição do ninho.
Quais os processos de destruição de um ninho?
Neste momento, estão a ser utilizados, no município, dois processos. O processo de inceneração é feito durante a noite, com recurso ao uso de fogo, sendo o ninho incinerado no local, com todos os cuidados que é necessário ter para a questão dos incêndios que podem ser provocados pela parte incandescente que cai no solo das zonas circundantes do ninho. Também temos o processo por inseticida, que consiste na inoculação de inseticida no interior do ninho e em cerca de três a cinco dias o ninho fica sem atividade, permanecendo apenas a bola, mas sem atividade.
Houve alguma modificação nas vespas desde o seu aparecimento?
Sim, a vespa asiática tem como característica evoluir e adaptar-se muito rapidamente. Se no início, em Portugal e depois mais tarde aqui no Vale do Ave e no município de Vizela, elas se caracterizavam por construírem os ninhos em árvores de maior altitude, nos últimos anos tem mudado muito rapidamente essa forma de reprodução, pois já fazem os ninhos nos beirais das casas, no chão, nos silvados e até no interior das habitações, estando a estabelecer-se muito nas áreas urbanas.
Há alguma forma de ajudar no controlo desta praga?
O melhor que as pessoas podem fazer, com a devida segurança, é estarem atentas e caso vejam um ninho, devem olhar, não mexer e dar o alerta às autoridades, para que estas possam proceder à sua destruição. Se observarem nas habitações que há entrada e saída de vespas ou passagem constante destas num determinado lugar, isso indica que nas imediações deverá existir um ninho.
Conclusão:
Concluindo, através deste trabalho conseguimos ampliar o nosso conhecimento acerca do tema escolhido, tirar algumas dúvidas frequentemente questionadas e fornecer, também, formas de como podemos ajudar no combate face às Vespas Velutinas.
Agradecimentos a Paulo Oliveira (comandante da Proteção Civil de Vizela) e Agostinha Silva (vereadora da Câmara municipal de Vizela)
