Na zona costeira do Bom Sucesso (Figueira da Foz) situa-se uma das maiores lagoas da Península Ibérica, a Lagoa da Vela. Esta zona tem sido vítima de alguns infortúnios, tais como dois grandes incêndios: julho de 1993 e outubro de 2017. O incêndio de 2017 é o principal responsável pela desflorestação da zona da lagoa, deixando-a desprotegida dos ventos e mais acessível à intervenção humana. Responsável também pela alteração do ecossistema, não só porque morreram muitos animais queimados, mas porque também provocou poluição na lagoa e fez desaparecer quase toda a paisagem florestal.
Há cerca de 10 anos morreram milhares de peixes nesta lagoa, tendo-se concluído que se deveu ao fungo Saprolegnia, que terá sido trazido para cá, possivelmente por peixes depositados por alguém na lagoa.
Infelizmente há poucos dias (27 de janeiro) os populares deram o alerta de mais uma vez haver peixes a morrer na Lagoa da Vela, em menor quantidade do que há 10 anos, mas já foram retirados pelas autoridades mais de 100kg.
Os motivos estão ainda a ser analisados, não há ainda conclusões oficiais, apenas algumas teorias de populares e pescadores locais. Alguns são da opinião que a falta de chuva que fez reduzir o nível da água, tornando a água menos renovada e com a agravante do excesso de lodo no fundo possa ter dificultado a obtenção de oxigénio pelos peixes. Há muito que a lagoa reclama por limpeza de fundo, devido ao excesso de lodo. No entanto, outros lembram o fundo de há 10 anos ou eventualmente uma cianobactéria, tendo em conta a cor da água e não haver sinal de hemorragias ou outras lesões nos peixes como anteriormente. Para já é descartada a hipótese de intervenção humana negativa.
A hipótese de serem cianobactérias crê-se ser a mais provável, tendo em conta o que ouvi de algumas autoridades que estavam no local. As cianobactérias, são um grupo de bactérias que obtêm energia por fotossíntese, conhecidas pela sua grande quantidade de bactérias e toxinas que tapam a superfície da água e impedem os peixes de conseguir obter oxigénio, sendo impossibilitados de respirar explicando assim a sua morte. No local podemos ver ainda muitos peixes junto à borda parados abrindo desesperada e continuamente as suas guelras, parecendo em dificuldade respiratória.
O município da Figueira da Foz, a Agência Portuguesa do Ambiente, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, assim como o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR foram informados e procederam à recolha dos peixes mortos e análise da ocorrência.
Independente da causa, o que importante é minimizar a situação dentro do possível e prevenir novas ocorrências, consciencializar as pessoas para prevenir a poluição e sensibilizar para que comuniquem qualquer ocorrência similar.