Quem passeia por Paredes, facilmente se depara com o parque urbano desta cidade, que pretende aliviar os efeitos negativos deste local da área metropolitana do Porto, em constante crescimento e afirmação. Diversos valores da natureza e do património construído e etnográfico convivem lado a lado neste pulmão verde de Paredes, despertando inúmeras sensações e emoções, passíveis de serem sentidas ao longo da sua caminhada.
Segundo João Costa, engenheiro do ambiente, técnico da Câmara Municipal de Paredes, esta aposta “vem ao encontro da estratégia municipal de adaptação às alterações climáticas (ENAAC)” do Município de Paredes. A ENAAC, tem como meta a implementação de soluções para a adaptação de diferentes setores aos efeitos das alterações climáticas: agricultura, biodiversidade, economia, energia e segurança energética, florestas, saúde humana, segurança de pessoas e bens, transportes, comunicações e zonas costeiras. O técnico Municipal refere ainda que “há intenção de criar um parque nas 18 freguesias do concelho”, tendo esta sido uma promessa feita pelo Presidente da Câmara eleito para este mandato. Para além da ampliação do parque da cidade, acrescentou, ainda, que a autarquia “já construiu parques de raiz e melhorou dois outros em todas as suas valências”.
A Ribeira de Sentiais é o ponto nevrálgico deste espaço ambiental e de lazer, em que os transeuntes facilmente se cruzam com amantes do desporto e da natureza, vividos de forma solitária ou em família.
Para João Costa,“ é importante aproveitar as zonas com humidade natural para reduzir as necessidades de água para a manutenção do parque”. Recentemente, a autarquia alterou a política de rega nos espaços verdes, concentrando-a em períodos noturnos, minimizando, desta forma, a perda de água por evaporação, uma preocupação crescente para mitigação dos efeitos da seca.
Segundo o técnico camarário, existe uma preocupação na adoção de uma política arbórea correta, no que concerne à necessidade de água das espécies plantadas nestas áreas. Assim, “existe um cuidado na seleção das árvores, tendo em conta a exigência em termos de água, bem como a preservação da biodiversidade e espécies autóctones”. Por outro lado, o aumento da temperatura global com um efeito mais acentuado em meios urbanos, cria as chamadas “ilhas de calor”. Referiu João Costa, que “Estas podem ser atenuadas pela plantação de árvores”, as quais através da transpiração podem capturar o calor da zona envolvente, fazendo baixar a temperatura, e promovendo zonas de sombra e proteção de todas as espécies que aí procuram o refúgio.
As ações pedagógicas de preservação da ribeira representam uma aposta forte do município, tendo sido enaltecida a participação dos alunos do Jardim de Infância de Estrebuela, que ajudam a preservar e limpar a ribeira de Sentiais. Segundo João Costa, esta “tem sido uma ação de grande impacto para esta zona ribeirinha”, bem como uma sensibilização impactante para todos os paredenses. Ressalvou, ainda, a manifestação artística que utilizou os resíduos recolhidos nas ações de preservação da ribeira pelos ambientalistas de palmo e meio, criando um estendal do lixo recolhido junto à mesma.
Esta aposta política do município de Paredes, pretende ter um impacto significativo na construção de um concelho mais resiliente face às alterações climáticas. No entanto, este compromisso não está finalizado, exigindo um esforço e empenho contínuo para a sua efetiva consecução.