Numa tarde ensolarada, na Escola Carlos Amarante, em Braga, cerca de 30 alunos e 3 professores reuniram-se para construir um charco pedagógico com o objetivo de promover a biodiversidade e as interações ecológicas entre as espécies. Segundo a coordenadora responsável por esta ação, Alexandra Romero, “a iniciativa foi orientada pelo Centro de Ciência Viva de Braga e faz parte do plano de ação do Clube de Ciência Viva da escola, e contou com o apoio da Câmara Municipal de Braga. Os charcos estão entre os ecossistemas menos conhecidos, mas dos mais interessantes e importantes tendo em conta a biodiversidade existente naquele espaço limitado. Atendendo a que estes biomas são muito sensíveis e encontram-se gravemente ameaçados a nível mundial, é importante a sua preservação e regeneração. Por esta razão a construção do charco pedagógico tem grande valor como “hotspot” de biodiversidade, uma vez que esse ecossistema é considerado um importante refúgio para várias espécies de animais e plantas. Estas zonas húmidas são habitats ricos em vida, que proporcionam condições ideais para a reprodução, alimentação e proteção de muitas espécies, incluindo algumas que se encontram em risco de extinção. As Zonas Húmidas encontram-se protegidas pela convenção de Ramsar, que define estes ecossistemas como importantes para a biodiversidade e para a qualidade de vida das pessoas, pois ajudam a regular o clima, protegem contra inundações e purificam a água.
Num futuro muito próximo, tendo em conta o fenómeno das ilhas de calor que as cidades irão enfrentar, para Alexandra Romero, estas massas de águas urbanas, “são também capazes de fornecer serviços de ecossistema e estes são muito importantes para a regulação no clima nas cidades”, sendo uma aposta importante numa cidade como Braga que tem vindo a sentir o efeito do aumento das temperaturas por excesso de construção e falta de espaço verdes que permitiriam amenizar as consequências destas alterações climáticas.
Ao construir o charco, os alunos aprenderam sobre as interações ecológicas entre as espécies, a importância da biodiversidade e da conservação dos ecossistemas aquáticos, que para a coordenadora “são assim motivados para trabalho experimental e de campo”. Com a observação de plantas e animais que vão habitar o charco, os alunos poderão aprender sobre os ciclos de vida, a dinâmica das populações e as interações entre os seres vivos. Alexandra Romero informa que “com esta iniciativa pretende-se promover o aumento da biodiversidade na cidade, a criação de ecossistemas capazes de captar carbono e motivar para o trabalho experimental e de campo”, bem como “sensibilizar para o planeamento de base ecológica nas cidades”, adotando boas práticas de desenvolvimento sustentável nas cidades e contribuir para a mitigação do impacto das alterações climáticas”.
Num pequeno inquérito feito aos alunos que participaram na construção do charco observou-se que havia um geral desconhecimento em relação à sua real função, mostrando assim a importância da promoção deste tipo de atividades em âmbito escolar.
A professora destaca o valor pedagógico, sendo que “se pretende motivar para a aprendizagem das ciências, numa abordagem cruzada de ciência, tecnologia e sociedade” Com a construção do charco pedagógico, a Escola Carlos Amarante pretende dar um importante passo na promoção da educação ambiental e na formação de cidadãos conscientes e responsáveis em relação à preservação da biodiversidade e dos ecossistemas.
Segundo informação do Centro de Ciência Viva de Braga já existem na cidade de Braga cerca de 6 charcos com a orientação dos seus biólogos ecólogos, num total de 16 na rede de charcos do CCV de Braga. Fora da cidade de Braga há uma clara aposta na construção de charcos pedagógicos, formando uma série de charcos pedagógicos. Mas ainda estarão a ser previstos a criação de mais até ao final deste ano letivo, criando uma rede de zonas húmidas de grande valor ambiental e educativo.
Bibliografia
https://www.ramsar.org/sites/default/files/documents/library/current_convention_text_f.pdf
http://www.ijhsci.info/hsci2022/hsci2022-proceedings/book-hsci2022-v7.pdf
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