Os homens que habitavam em cavernas já utilizavam tintas improvisadas para se expressarem através da arte, fenómeno que hoje em dia apelidamos de arte rupestre. Através da mistura de água com sangue, argila, terra, plantas, pedras e ossos moídos, pintavam o corpo e as paredes das suas cavernas. Mais tarde, perceberam que precisavam de elementos para garantir uma maior durabilidade e passaram a utilizar a gordura dos animais e a seiva das plantas.
Relatos apontam que, na Antiguidade, os egípcios já conheciam materiais que lhes davam cores fortes e brilhantes e que os chineses e os japoneses já usavam nanquim – a primeira tinta para escrever.
Na Idade Média, a tinta era algo acessível apenas às pessoas importantes e abastadas que a usavam nas suas casas, em igrejas e em locais de grande importância.
Um aspeto curioso é que as tintas que usamos hoje para pintar casas, móveis e outros produtos contêm a mesma fórmula que foi criada na pré-história, mas com recurso a tecnologia mais avançada.
Atualmente, as tintas têm na sua composição pigmentos, solventes, resinas e aditivos, todos eles importantes para uma melhor performance da tinta.
Os pigmentos são substâncias insolúveis e são utilizados para promover cor, opacidade, consistência e resistência à tinta. Estes são obtidos da natureza, como por exemplo, através dos minerais, de onde são extraídos os elementos químicos para obter o pigmento.
Um dos minerais usados para a obtenção de tinta verde é a malaquite, um carbonato básico de cobre, O pigmento verde do tirol é formado por celadonite (silicato de potássio, ferro e magnésio).
Fig.1 – Malaquite
Para a obtenção dos pigmentos amarelos, a malaquite também é utilizada, assim como o ouro-pigmento através do sulfeto de arsénio. O mineral limonite também é utilizado para pigmentos amarelos devido ao óxido de ferro e ao hidróxido de ferro.
Fig.2 – Ouro-pigmento em pó
Os pigmentos vermelhos mais intensos são fabricados artificialmente. Porém, os pigmentos menos intensos utilizam o mineral hematite devido ao óxido de ferro, assim como o realgar, devido ao sulfeto de arsénio e o cinábrio devido ao sulfeto de mercúrio.
Fig.3 – Hematite
Uma das principais fontes de pigmento azul é o lápis-lazúli e a azurite. Estes minerais fornecem o pigmento azul ultramar.
Fig.4 – Azurite
Já os pigmentos pretos provêm do carvão e de outras formas de carbono, assim como o grafite. O pigmento negro de fumo obtêm-se através da queima de óleo e gás natural, feita de modo a produzir fuligem.
Fig.5 – Carvão
O pigmento branco mais usado antigamente era o caulino. A substância atualmente mais usada é o dióxido de titânio, obtido através de 3 minerais: rútilo, ilmenite e a anatase. A zincite, que contém óxido de zinco, também é usada para obter a cor branca e é bastante conhecida como branco da china. A calcite também é utilizada para fornecer este pigmento, assim como a caulinite.
Fig. 6 – Calcite
As primeiras tintas continham resinas naturais, principalmente de origem vegetal. Três exemplos de resinas naturais são: a resina do pinheiro bravo europeu (resina vegetal), âmbar (resina fóssil) e a goma-laca (resina animal – inseto). No mercado, a maior parte das tintas já são feitas com resinas sintéticas, com xileno e com acetonas.
Os aditivos presentes nas tintas têm como função melhorar a secagem, adesão, brilho e aparência, prevenir a formação de fungos e bactérias, aumentar a durabilidade e tornar a tinta mais impermeável e mais resistente.
Utilizados para dissolver a resina e proporcionar viscosidade adequada para a aplicação das tintas, os solventes são produtos que necessitam de uma escolha adequada para um melhor aproveitamento. Existe uma grande variedade de solventes orgânicos empregados nas tintas, no entanto, a maioria desses solventes apresentam Compostos Orgânicos Voláteis (COVs). Os COVs são substâncias químicas cuja base é carbono, geralmente evaporam à temperatura epressão ambiente, originando partículas voláteis prejudiciais, não só para a saúde das pessoas mas também para o meio ambiente. Para nosso benefício próprio e do ambiente devemos optar pelas tintas ecológicas que contém bases aquosas, pois está provado que as tintas à base de solventes libertam 520 vezes mais COVs do que as à base de água. Conscientes desta realidade, a indústria da área das tintas e vernizes já oferece uma vasta gama de produtos de base aquosa e estão a fazer um grande esforço para substituírem os produtos mais poluentes por estes. Porém, é nosso dever escolher a melhor opção para o nosso planeta.
Através de um questionário feito a 30 pessoas com idades compreendidas entre os 11 e os 77 anos, verificamos que existe desconhecimento sobre as tintas e sua composição.
Quando se pergunta se há falta de informação em relação aos benefícios destas tintas, há maior unanimidade e 90% dos inquiridos responde que “sim”.
Por fim, quando compramos tintas, devemos ter em conta todo o impacto ambiental causado e optar pela melhor opção ecológica e sustentável, pois uma tinta contém materiais geológicos que, por vezes, são escassos, assim como os COVs que são prejudiciais para o meio ambiente.
Bibliografia:
Webgrafia:
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Tinta
https://www.casa-natural.com/pt/tintas-naturais-e-ecologicas https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Composto_org%C3%A2nico_vol%C3%A1til
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