As energias renováveis e os seus impactos negativos

Atualmente, a transição para um mundo movido a energias renováveis é uma das maiores preocupações da nossa sociedade. É inegável que, tendo em conta a situação ambiental na qual se encontra o planeta, este tipo de energias se torna uma das principais armas para defender o ambiente. Problemas como o aquecimento global podem ser resolvidos através da redução do uso de combustíveis fósseis e mediante uma maior utilização de fontes como a energia eólica ou hídrica. Porém, não se discute um tópico fundamental: estas energias apresentam, pelo menos a alguns níveis, um lado negativo.

Falemos, a título de exemplo, de algo com
grandes “expectativas ambientais”: os carros
elétricos. Consabidamente, os carros, como
os conhecidos Tesla, da empresa do
bilionário Elon Musk, são mencionados
inúmeras vezes no contexto da resolução de
problemas ambientais, uma vez que emitem
um volume significativamente menor de
gramas de CO2 a longo prazo (contando
com a produção e a condução)
comparativamente com um carro movido a
combustíveis fósseis. No entanto, o processo
de fabrico das baterias destes veículos
corresponde a algo prejudicial. O volume de
gramas de CO2 emitidos a partir da
produção do carro e das baterias é maior do
que o da produção de um carro movido a
gasolina, sendo o principal elemento destas
baterias um assunto muito discutido em
Portugal nos dias de hoje: o lítio.

É do conhecimento público que o ex-primeiro-ministro António Costa foi alvo de
uma extensa investigação relacionada com a exploração de lítio no norte do país,
assim como certos projetos centrados no hidrogénio. Tal deve-se ao facto de a
União Europeia estar a apostar bastante nas energias renováveis,
disponibilizando milhões de euros aos seus membros como forma de promover
este tipo de iniciativas. Este aspeto pode ser observado no valor do contrato de
exploração das minas de lítio de Montalegre (principal zona de exploração deste
material no país), que corresponde a cerca de 180 milhões de euros. Assim, com
a aplicação deste projeto, o governo ganharia parte destes generosos apoios
financeiros. Apesar de parecer extremamente benéfica, a exploração de lítio em
Montalegre comporta impactos negativos severos no ambiente e na paisagem,
razão pela qual ambientalistas e habitantes de Montalegre se posicionam contra
a exploração da região.Este exemplo mostra que, mesmo sendo o lítio utilizado para fazer as baterias
que são um dos principais elementos dos carros elétricos, a sua exploração
apresenta malefícios para o ecossistema. Isto aplica-se, também, a outros tipos
de energias renováveis. As barragens e os parques eólicos não só têm grandes
impactos ao nível da paisagem, como também afetam a biodiversidade. No caso
das barragens, várias comunidades humanas são obrigadas, por vezes, a
deslocarem-se, o que já ocorreu no nosso país. Além disso, diversas espécies de
plantas e animais são afetadas, o que as obriga, tal como a espécie humana, a
movimentar ou, em alguns casos, a enfrentar a morte. Por sua vez, nos parques
eólicos, destaca-se a poluição sonora proveniente das turbinas, bem como a
alteração do modo de vida das populações locais. No Alentejo, por exemplo, a
EDP solicitou e, posteriormente, obteve a permissão do Governo, em agosto de
2023, para abater mais de 1800 sobreiros de forma a construir um parque eólico,
o que irá afetar esta zona durante décadas, mesmo com a promessa de
replantação de 42000 sobreiros e outras árvores. Verifica-se, portanto, que estas
fontes de energia prejudicam, negativamente, o ambiente e as diferente
comunidades, sejam plantas, animais ou humanos.No seguimento desta reflexão, surge uma pergunta: Como pode esta questão
ser resolvida? Infelizmente, não existe uma resposta garantida para o problema.
Na verdade, ao pesquisar “Como minimizar os impactos negativos das energias
renováveis” na Internet, nenhum artigo, até ao momento, apresenta propostas.
Existem, com efeito, soluções pequenas, como a instalação de “mini-hídricas”,
isto é, barragens hidroelétricas de pequena dimensão, que diminuem os efeitos
de uma barragem comum, mas apenas conseguem alimentar pequenas
comunidades.
Perante o cenário debatido, resta-nos concluir que no presente a solução reside
em considerar que tudo o que surge apresenta prós e contras. No caso das
energias renováveis, admitir que, apesar de substituírem com benefício outras
fontes de energia, é evidente que, a determinados níveis, possuem um impacto
negativo no meio ambiente.