Segundo as Nações Unidas e a Interpol, o tráfico de animais é um dos negócios ilegais mais lucrativos do Mundo, sendo todos os dias capturadas milhares de aves na Natureza. A Campanha Internacional “Silent Forest” dinamizada entre 2017 e 2019 pelos Jardins Zoológicos da EAZA, contou com a participação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com o objetivo de consciencializar o público para a iminente extinção de diversas aves de canto, fazendo ações de sensibilização. Algumas das aves incluídas no projeto foram o Mainá-do-bali, o Tordo-canoro-de-sumatra e o Bulbul-de-cabeça-amarela.

Rinoceronte-branco na sua instalação
A regulação das espécies em Portugal é feita com base no CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção), um acordo internacional, que envolve, atualmente, um total de 185 países, que aderiram voluntariamente com o objetivo de assegurar que o comércio de animais e plantas não ponha em risco a sua sobrevivência no estado selvagem. Certos animais necessitam de uma licença especial para serem transportados legalmente. Se deseja verificar se uma espécie está incluída nos anexos da CITES ou do Regulamento, poderá fazer uma pesquisa no site Species+ (https://www.speciesplus.net/).

Tratadora Carla Ferreira enquanto segura a licença especial CITES
Para além dessa campanha, o Jardim Zoológico de Lisboa acolhe animais resgatados de tráfico ilegal, muitas vezes aves, para serem integradas no espetáculo “Bosque Encantado”, uma experiência onde os visitantes podem aprender sobre elas e observar os voos mais de perto. Estas não poderiam ser reintroduzidas na Natureza, uma vez que ficam habituadas a contacto humano, o que aumenta a probabilidade de serem traficadas de novo.
Um exemplo é a Arara-azul-e-amarela, espécie incluída no CITES, cuja população diminuiu drasticamente devido à excessiva captura para comercio ilegal. Um caso mais particular, o Yeti, uma coruja-do-mato-tropical, foi traficado quando ainda era um ovo, tendo ficado depois sob a alçada do Jardim Zoológico de Lisboa, onde habita até hoje. “Adoro o Yeti, mas por mais que goste dele sei que não deveria estar connosco”, disse Clara Ferreira, tratadora no zoológico há 35 anos e responsável pelo espetáculo das aves “Bosque Encantado”, há 20 anos.
O tráfico ilegal não se limita a este grupo de animais, “Todos os animais exóticos são possíveis vítimas destas atividades”, afirma Ricardo Chana, educador do Zoo que refere ainda que mesmo os exemplos mais conhecidos, os elefantes e os rinocerontes, ainda são caçados pelo seu marfim, mesmo com o esforço global contra esta prática.
A luta contra o tráfico ilegal continua, e os membros do staff do Jardim Zoológico de Lisboa seguem em frente acreditando que existe um futuro onde as florestas voltem a estar preenchidas com a harmonia das aves de canto.
Webgrafia:
https://www.silentforest.eu/about/
https://www.zoo.pt/pt/conhecer/videos/quebra-o-silencio-pelas-aves-de-canto-jardim-zoologico/
You must be logged in to post a comment.