As escolas de surf acolhem, anualmente, centenas de alunos, sendo cerca de 95% estrangeiros. Para além da realização de aulas disponíveis para todas as idades, também disponibiliza pranchas e fatos em segunda mão para venda, incentivando a reutilização e reduzindo o consumo de novos materiais que seriam utilizados para produzir novas . Ambas as escolas promovem ainda ações de limpeza das praias no final das aulas, envolvendo os alunos num processo de responsabilidade ambiental direta sobre o espaço que utilizaram.
No entanto, estas iniciativas coexistem com uma indústria que permanece, em grande parte, insustentável. As pranchas são fabricadas com poliuretano e resinas tóxicas, e os fatos de neoprene são feitos a partir do petróleo. Embora exista a presença de alternativas mais sustentáveis, como pranchas de madeira ou fatos com base em materiais naturais, os custos elevados e muitas vezes também a sua falta de qualidade inviabilizam a utilização.
Este problema é reconhecido dentro da própria comunidade. Francisco Antunes, conhecido como Chico, dono e instrutor da Ripar, referiu que “só podemos mudar o mundo se mudarmos o estilo de vida”. Chico confessou que, no início de carreira, apresentava um grande peso de consciência ao ensinar esta modalidade, uma vez que sabia o impacto ambiental da mesma. Esta reflexão aplica-se não apenas ao consumo de equipamentos, mas também aos hábitos de mobilidade, uma vez que a principal maneira de deslocação dos turistas é a aviação, uma das maiores fontes de emissão de dióxido de carbono, aos hábitos de produção e de ensino associados à modalidade.
O surf na Lourinhã continua a crescer, tendo em conta a sua atual popularidade, mas enfrenta o desafio de se adaptar a uma nova consciência ambiental. A mudança exige mais do que boas intenções, exige investimento, regulação e escolhas consistentes que tornem possível praticar surf de forma verdadeiramente sustentável.