Um Tesouro Escondido no Lodo de Esposende

Nas margens do estuário de Esposende, a apanha da minhoca, conhecida localmente como “cagão” ou cientificamente como Arenicola marina, é uma tradição importante para a pesca e para a identidade da comunidade.

Durante a maré baixa, moradores equipados com botas, baldes e ancinhos revolvem o lodo à procura deste isco precioso. Apesar das dificuldades e exigência, o trabalho é feito com dedicação e transmitido de geração em geração, mantendo viva uma prática de grande valor cultural e económico. O esforço físico necessário é captado no solo revolvido, com os apanhadores curvados sobre a lama e os baldes cheios de minhocas, prontas a servir de isco para a pesca local. Este anelídeo, quando colocado no anzol, liberta um odor que, mesmo nas águas escuras e barrentas, atrai o peixe para morder o isco dos pescadores. Assim, mais do que uma simples atividade económica, a apanha da minhoca é um saber transmitido entre gerações, carregando um forte valor cultural e comunitário. Sobre isto, a sustentabilidade é cada vez mais uma preocupação, para que este tesouro do lodo continue a alimentar a tradição e a pesca local.

 

 

Diogo Martins