No ano em que a Ecozoic – Associação de Jovens para o Ambiente e Direitos Humanos – celebra 15 anos, a XII Edição do Congresso 4US trouxe à NOVA FCT um programa de 10 oradores e dois workshops que ligaram diversos temas da atualidade, desde florestas ao oceano, de grutas a alcateias de lobos, de voluntariado à saúde ambiental. Aliado ao programa, o evento contou ainda com a ajuda de núcleos de estudantes da NOVA FCT, através da atuação do Núcleo de Música, Arte e Cultura, e ainda com o Mercado de Trocas do Núcleo de Ambiente e Sustentabilidade (NAS).
Um dos momentos do evento mais assistido foi o debate “Jovens e a Justiça Climática e Ambiental em 2025”. Como participantes podemos contar com Maria José Vieira, militante e ativista da Ecolojovem – Juventude Partidário “Os Verdes”, Mariana Barata, presidente da Associação Ryse, e ainda António Vicente, membro do NAS e seu ex-presidente, tendo como moderador o Jovem Repórter para o Ambiente André Manteigas.
Durante a conversa, foram abordadas as problemáticas que as diferentes associações representadas no painel têm enfrentado nestes últimos anos. Embora todas sejam associações ou grupos focados em jovens, todas atuam em diferentes dimensões: o NAS numa vertente local e direcionada a estudantes, a Ryse de forma nacional e descentralizada, e a Ecolojovem igualmente nacional, mas ligada à política. Os três temas centrais de discussão foram a redução da participação dos jovens no associativismo jovem, de que formas pode ser aumentada essa participação, e como trabalham as associações em cooperação com a comunidade adulta.
Embora exista um reconhecimento do aumento da participação juvenil em associativismo no último ano, o panorama geral não é favorável: são cada vez menos os jovens que tomam as rédeas da mudança e que tomam parte ativa na ação climática através do associativismo. Mas tal não faz parar o trabalho destes jovens que, juntos, lutam local e nacionalmente pela justiça climática e social. Campanhas de divulgação, atividades abertas à comunidade e oportunidades como a mesa redonda do Congresso 4US são formas que estas associações tomam como forma de mostrar que o associativismo continua forte e a recrutar novos membros.
A interação entre as associações jovens e adultos nem sempre é bem vista. Para além dos integrantes do debate considerarem difícil esta comunicação, por nem sempre receberem o crédito e a seriedade que gostariam, admitem haver espaço de melhorias, e que essa mudança poderá partir dos mesmos jovens para exigir e incentivar grandes instituições e associações a tomarem os jovens como parte integrante e importante da solução para o futuro do ambiente e direitos humanos.
“É engraçado ver que, embora com panoramas e realidades diferentes, as questões estenderam-se às três associações, e estamos todos no mesmo barco” diz António Vicente. O ex-presidente do NAS afirma que eventos como estes são ótimos para não só divulgar o trabalho de associações jovens, mas também para promover a conexão entre as mesmas e criar parcerias. António diz ainda: “e mesmo perante a falta de jovens no associativismo, é bom ver um auditório com tantas pessoas, que estão motivadas em debater estas questões. É a partir destas conversas que partimos para a ação”.
Esta conversa não se prendeu apenas ao palco. Com uma plateia repleta de jovens, a discussão estendeu-se a uma troca de ideias e brainstorming sobre formas de, por um lado, tornar o associativismo jovem mais atrativo, e por outro mudar a mentalidade de quem não atribui crédito ao trabalho juvenil.
“Foi bastante interessante, e foram discutidos assuntos relevantes no mundo do associativismo. Só espero que o compromisso dos membros destas associações juvenis se mantenha para que exista de facto uma mudança” diz Afonso Pereira, um dos integrantes da plateia e também membro do mundo do associativismo. Ainda defende que “é relevante procurar novas oportunidades de parceria com outros cursos e temas que não sejam diretamente relacionados com ambiente, de forma a levar estas questões a outras áreas e trazer mais jovens para o associativismo”.
Pelo Grande Auditório passaram mais de 100 pessoas, entre estudantes e professores de diferentes áreas, estando já a associação a planear a próxima grande edição, em 2026.
Fotografias da autoria de Diana Casaca – Ecozoic
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