Controlo de Pragas: A Fome da Batata

A Grande Fome (Fome da Batata) na Irlanda foi um período de fome, doenças e emigração em massa no início da segunda metade do século XIX, tendo como origem uma doença provocada pelo fungo oomiceto Phytophthora infestans, que contaminou em larga escala as batatas em toda a Europa.

A atividade agrícola é fundamental para o Homem, quer a nível alimentar, já que os produtos provenientes constituem alimentos necessários, quer a nível económico, devido ao lucro que resulta das culturas.

Estas explorações agrícolas podem ser ameaçadas por organismos devastadores que reduzem a qualidade e o valor destas, aos quais se dá o nome de pragas. Assim, uma praga é um conjunto de organismos indesejados que interfere direta ou indiretamente com as atividades e necessidades do Homem, atacando culturas e, portanto, competindo pelo alimento, difundindo doenças ou invadindo os ecossistemas.

Existem casos históricos de grandes ataques de pragas como é o caso da da praga de Phytophthora infestans,  um oomiceto, anteriormente considerado um fungo que causa a doença conhecida como requeima da batata. Esta doença, na segunda metade da década de 1840, atacou as plantações de tubérculos, gerando um enorme surto de fome na Irlanda, a conhecida “Grande fome da Batata”.

Antes da chegada da doença Phytophthora infestans, existiam apenas duas doenças conhecidas na planta da batata. Não se sabe ao certo quando e de que modo a peste Phytophthora infestans atingiu a Europa, mas em 1844 jornais irlandeses reportaram que a doença já atacara a batata nas Américas há cerca de dois anos, e que foi posteriormente transportada da América do Norte para a Europa continental, eventualmente chegando à Irlanda durante o verão de 1845. Pelo final do verão e início do outono de 1845, já tinha atingido a Europa Central.

A espécie Phytophthora infestans é conhecida principalmente pelo seu efeito nas culturas da batateira e tomateiro. A morte das plantas hospedeiras ocorre frequentemente mas nem sempre.

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Na primavera, o fungo produz espongióforos, estruturas reprodutoras que contêm um tipo de esporos flagelados com capacidade de locomoção. Os esporos penetram o tecido através da cutícula ou dos estomas e infetam a planta hospedeira ao entrarem em contacto com uma folha. No Outono, produzem novas estruturas reprodutoras podendo reinfectar a mesma planta hospedeira ou outras nas proximidades. Os esporos são formados e disseminados com condições ambientais específicas – temperaturas superiores a 10ºC e humidade acima dos 75% durante, pelo menos, dois dias. Durante o inverno, os esporos entram em estado de dormência nos tubérculos.

 

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O fungo permanece por muito tempo na semente da batata. A disseminação ocorre através do vento que remove os esporângios das lesões e os distribui dentro da área, ou os transporta para novos locais. Pingos de água da chuva ou irrigação também podem disseminar a doença, assim como tubérculos contaminados, no caso da batata.

Como forma de garantir boas produções agrícolas, o Homem pode realizar determinadas ações no sentido de evitar a destruição das suas culturas por pragas. Assim, pode recorrer a três tipos de controlo: Controlo Químico (pesticidas), alternativas aos pesticidas ou controlo integrado.

 

No caso da doença causada pela espécie Phytophthora infestans, o momento certo para a aplicação do fungicida (tipo de pesticida) é a chave para controlar a doença. No entanto, a escolha do fungicida e a dose a ser aplicada estão diretamente ligadas à instalação ou não da doença, sendo que os melhores resultados de controlo da praga são obtidos quando os fungicidas são aplicados preventivamente.

As soluções de ação sistémica são mais facilmente absorvidas pelos tecidos novos das plantas e, como a praga ataca principalmente na fase jovem, as aplicações devem ser feitas nesta etapa, a fim de garantir uma boa proteção inicial.

O uso da dose correta dos fungicidas é muito importante e deve ser seguido à risca pelos produtores, para evitar problemas de resistência. O intervalo entre as aplicações também é fundamental tendo em conta que em situações preventivas este é maior sendo que o ideal é não ultrapassar cinco dias. Quando a praga já está instalada, este intervalo deve ser reduzido para dois ou três dias, até que a doença esteja bem controlada.

 

Madalena Pinheiro (12.ºC), Marta Pinheiro (12.ºC)