As consequências do capitalismo na Mãe-Natureza

Os permanentes desenvolvimentos da ideia de materialismo por parte do homem são os fundamentos da sociedade capitalista em que vivemos. O perigo que o Homem representa para a Mãe-Natureza é real.

Os permanentes desenvolvimentos da ideia de materialismo por parte do homem são os fundamentos da sociedade capitalista em que vivemos. O perigo que o Homem representa para a Mãe-Natureza é real.

Numa sociedade onde as principais doutrinas são a procura de capital e a produção em massa, que mais poderia acontecer senão a caça em direção à expansão. Sem olhar a meios, o homem é responsável por num período de 25 anos erradicar cerca de um décimo da população florestal do planeta, sendo que, este avanço é cada vez mais acentuado. As previsões para daqui a um século são aterradoras, pois apresentam a possível extinção da vida natural.

O professor Dawson da Universidade de Staten Island define o capitalismo como o ciclo vicioso em que se encontra a economia atual, se não se mantiver em constante crescimento e evolução, a probabilidade de uma convulsiva regressão leva a descomunais instabilidades sociais. Mas afirma também, que as contradições do sistema são efetivamente evidentes, uma vez que num sistema circular baseado na expansão infinita haverá um inevitável choque devido à forma finita de todos os recursos naturais e à proximidade desse mesmo fim. Dito isto, é indubitável que com o capitalismo veio o aumento da exploração de recursos naturais e a degradação da Mãe-Natureza.

Em todas as áreas de rendimento económico está presente esta exploração, como por exemplo, na produção de artigos para a indústria da moda através da criação em cativeiro ou da caça furtiva de inúmeras espécies, apenas para a apreciação estética do comprador que ao fechar os olhos a esta realidade é tão radical como os predatórios capitalistas da manufaturação. Isto dito, será não apenas a culpa dos que maltratam o ambiente como dos que desviam o olhar…

Paulo Coelho escreveu: “Quem tentar possuir uma flor, verá a sua beleza murchar. Mas quem apenas olhar para uma flor num campo, permanecerá para sempre com ela.”, uma frase que traduz o problema que a sociedade de agora enfrenta. Entre a antiga, agora histórica, vontade de conhecimento presente na era dos Descobrimentos, damos agora de caras com o desejo de conhecer por proveito, de conhecer para depois possuir ou utilizar. Deixámos, com o tempo, de observar a natureza como um mundo vivo para a tomar como um material nosso, uma mera posse que temos o direito de utilizar unicamente porque a possuímos, porque a Terra é da humanidade e tudo nela nos pertence.

Mas quanto tempo depois de colhermos uma flor começa ela a murchar, e ulteriormente morre antes do seu tempo por uma escolha feita por outrem. É um facto, a regularidade com que esta ação acontece por mão do homem. Como novo exemplo, veja-se a desflorestação, onde as relações de simbiose entre o humano e a árvore deixam de ser tomadas em consideração, e o que antes era um jogo de soma não nula passa a ser de resultado zero, onde apenas nós beneficiamos.

O incontestável é que a crua ganância, sem cuidado e preocupação, leva ao desumano e ao materialismo, que percorre o capitalismo e chega à reta final quando se implementa na sociedade. Mas a este horizonte sem esperança há ainda aqueles que dizem não aos seus padrões e apresentam soluções.

Num artigo do The Guardian publicado em 2014 com o título: ‘Capitalismo vs o ambiente: Pode a ganância alguma vez ser verde?’ o autor conclui que as companhias e empresas precisam urgentemente de afastar a visão de lucro a partir do Privado e das políticas baseadas em ferramentas que os movem nessa mesma direção. Pois isso, apenas deveria englobar inúmeras categorias, incluindo o sistema de impostos, que no sentido da polémica, deveriam transferir os seus ganhos para setores problemáticos, como o desperdício e a poluição.

Em suma, existe, agora mais que nunca, uma urgente necessidade de apresentar propostas e alternativas que visem o ambientalismo e a conservação, pois ainda resiste o povo ativista que acredita que é possível mudar uma sociedade a preto e branco, e recuperar-lhe os seus tons de verde.

 

Referências Bibliográficas:

Vaughan, Adam – “Humans have destroyed a tenth of Earth’s wilderness in 25 years – study”, The Guardian, 8 de Setembro de 2016

Dawson, Ashley – “Extinction: A Radical History”, Or Books, 2016

Coelho, Paulo – “Brida” Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1990

Juniper, Tony – “Capitalism v environment: can greed ever be green?”, The Guardian, 26 de Novembro de 2014

 

Ana Sofia Parreira, 11.º 1A