Falar de Educação Ambiental, e no fundo também de Educação Cívica pode parecer um tema muito básico, mas está longe de o ser, até porque são as coisas mais simples que propiciam e exigem um trabalho de reflexão mais profundo. Apesar dos progressos feitos, o caminho está longe de estar trilhado e se queremos promover boas práticas ambientais, o caminho tem que começar do zero….até porque ainda são muitas as arestas por limar!
Definitivamente vivemos num mundo à pressa. Tudo é feito numa autêntica correria, e são raros os momentos em que temos oportunidade de estarmos connosco mesmos. E é nesses momentos que todos os problemas ganham forma. Mas mais importante do que isso: são esses momentos que nos metem a pensar naquilo que verdadeiramente importa.
Há quem afirme convictamente que os jovens de hoje são cada vez mais mal-educados e despreocupados com as responsabilidades. Mas como em tudo na vida, a exceção não pode virar regra. Como em tudo na vida há jovens mais responsáveis, outros menos. Mas ainda bem que assim o é! Que graça teria viver se fossemos todos iguais?
O Ambiente é uma questão controversa, que com o decorrer anos tem vindo a ganhar destaque no domínio da discussão pública. Há adultos e idosos que o defendem com unhas e dentes, há adultos e idosos que o desprezam por completo. Há jovens completamente afeiçoados às causas ambientais, e outros que nem sequer querem ouvir falar do ambiente. Mas há algo que é consensual: o ambiente existe e é algo de que se fala bastante na nossa sociedade, sejam pelas melhores ou pelas piores razões.
Como jovem na flor da idade que sou, tenho a perfeita noção de que o ambiente é o ambiente. Não há nada igual. A sua autenticidade marca a diferença. Logo à partida consigo identificar o maior problema de todos: que conceção de ambiente é dada aos adolescentes, por exemplo, nas escolas? A resposta é fácil: quase nenhuma. E digo isto sem sequer hesitar. O nosso sistema educativo está mais preocupado em formar mentes conhecedoras do passado, do que mentes que procurem viver e decifrar o presente. São poucas, muito poucas as vezes que assuntos na ordem do dia são debatidos nas aulas da escola pública em Portugal. E a questão “Ambiente” está incluída nesse role de questões poucas vezes discutidas. Se não for a vontade dos alunos em querer saber mais e melhor sobre o ambiente, quem o fará?
Foi isso que este projeto me incentivou a fazer: questionar os meus colegas sobre a importância do ambiente nas suas vidas. Será que têm a noção da importância do Ambiente? E será que na prática, pensam duas vezes antes de tomar qualquer atitude que lhe possa ser prejudicial? As respostas estão longe de ser unânimes. A maior parte atribui ao Ambiente a importância que lhe é merecida: reconhecem o seu papel preponderante na manutenção do equilíbrio da Terra, a sua grande importância como habitat de numerosas espécies, incluindo a espécie humana, que apesar de ter o poder de pensar é a espécie que mais atitudes que quase parecem irracionais tem para com ele.
O Ambiente está longe de ser única e exclusivamente o Ambiente. Quer queiramos, quer não, este vai sempre ser em parte o reflexo da nossa vida.
É de esperar que à medida que o desenvolvimento da sociedade vai se tornando cada vez melhor e mais “refinado”, que também a preservação do Ambiente assuma um papel de destaque na lista das prioridades humanas. Mas infelizmente verifica-se precisamente o contrário, sendo que um dos principais problemas a que o Ambiente é sujeito corresponde à sobre-exploração dos recursos, o que a longo prazo pode resultar no esgotamento dos recursos, assim como na degradação do ambiente e da qualidade de vida da população.
O que proponho é que não deixemos de usufruir daquilo que nos é proporcionado pela Natureza: aquilo que é necessário e de extrema importância é passarmos a viver em sintonia com a Natureza, compreendendo os seus sinais. Ser amigo do Ambiente não se restringe apenas à participação em manifestações contra as indústrias mais poluentes, ou contra o aquecimento global.! Essa conceção generalizada que a Sociedade gerou quase que de um modo instantâneo não passa apenas de uma desculpa arranjada à pressa para justificar a despreocupação com o nosso meio Ambiente. Tal como acontece na nossa vida, são os pequenos gestos que fazem a diferença. É no meu quotidiano que se devem fazer sentir os gestos ecológicos.
Exemplo bem demonstrador disso mesmo: um gesto muito simples, mas que por ser tão simples é menosprezado: não deitar lixo, como pacotes de leite, de bolachas, sacos de plástico ou até mesmo pastilhas elásticas para o chão. É nesses momentos que temos que colocar em prática a nossa Educação Cívica, tudo aquilo que nos foi ensinado e tudo aquilo que aprendemos com o decorrer da vida. Assim como na vida não devemos ser egoístas mas sim viver numa partilha constante de pensamentos e de vivências, também no que ao Ambiente diz respeito não podemos ser egoístas ao ponto de pensar que os nossos gestos menos corretos não vão ter qualquer tipo de importância. Aliás, muitas das vezes esquecemo-nos de algo fundamental: os gestos que temos no presente vão condicionar o nosso futuro e o futuro dos outros. Por isso, é que é imprescindível viver de um modo sustentável e promover um desenvolvimento sustentável: um modo de desenvolvimento que consegue responder às necessidades atuais, e, que no entanto, não compromete o satisfazer das necessidades das gerações futuras.
Será que já parámos para pensar como é que será a vida dos nossos filhos, netos? Será que já parámos para pensar que os nossos gestos vão influenciar o futuro do nosso planeta? Pode parecer que entre o dia de hoje e os dias de amanhã ainda há uma grande distância, mas, e como se diz com toda a razão na gíria, a vida passa a correr. Quando damos por ela, já passaram muitos anos. E é por essa mesma razão que a nossa vida e o compromisso cívico que temos para com ela deve ser cumprido à risca. Hoje, existe “ um Ambiente”, mas no futuro poderá já não existir. Assim, é nosso dever tomar o máximo de precauções de modo a garantir a sua sustentabilidade no futuro do Planeta Terra. Pode parecer-nos insignificante, mas estas são medidas que podem mesmo marcar a diferença. A vontade de mudança tem que partir de nós… Só com o querer é que é possível manter o que há e fazer acontecer mais e melhor!