Após a notícia, no início de janeiro, de mais uma descarga poluente de uma fábrica de produtos alimentares, fomos indagar qual o estado de conservação da ribeira de Febros, o afluente mais importante do rio Cávado na nossa região, que atravessa o território do nosso agrupamento, e sobre o qual já nos debruçamos no ano passado.
Uma pequena entrevista a uma moleira da freguesia da Lage foi suficiente para nos esclarecer. Sendo com rio que garante a sua atividade, é obrigada a vigiá-lo constantemente, para evitar que dele venham danos para o velho engenho. Disse-nos que, por vezes, “a água encontra-se de tal modo turva que é impossível ver o fundo do rio” e ainda que “há acumulação de lixo, principalmente plástico, nas comportas do moinho” que vem rio abaixo e que fica preso nas mesmas.
Este rio, ao longo dos últimos anos, tem vindo a perder biodiversidade devido a vários fatores, nomeadamente: despejo de resíduos sólidos, descargas poluentes ilegais (por fábricas locais), sobrepesca, ocasionalmente, diminuição do caudal (devido a ausência de chuva) e ainda devido à utilização de pesticidas e herbicidas nos campos de cultivo próximos. Para além da flora, as espécies mais afetadas com este problema são as trutas, os barbos e as enguias que, “principalmente quando há diminuição do caudal”, aparecem a boiar no rio.
O rio Febros é importante para a sua população ribeirinha, pois ainda continua a ser utilizado na moagem de milho e na rega dos campos de milho e de forragem para os animais. No entanto, devido à poluição que o vai afetando, estas atividades estão cada vez mais condicionadas e em declínio.
É bastante importante que se resolva o problema. Primeiro, com palestras de sensibilização e informação às populações e outros utilizadores, para a importância do rio. Depois, aumentando o controlo sobre o rio, identificando os poluidores (e aplicando multas) e com a criação de quotas de pesca para os pescadores ocasionais. Por fim, com uma limpeza periódica deste, pois há sempre quem ache que pode poluir ou que não acondicione os seus resíduos, que depois a ele vêm parar por ação das chuvas ou do vento.
É urgente promover a Ribeira de Febros. Para isso é necessário inventariar o seu património natural e construído, concluir a sua limpeza e valorizar as suas margens com percursos pedonais e pontos de observação. Levar as pessoas individualmente ou associações a adotá-lo.
Com este artigo, pretendo sensibilizar as populações locais para um dos problemas que as rodeia.