O sobreiro, uma árvore típica da região Mediterrânica, é uma oferta da natureza para o equilíbrio dos ecossistemas.
A Herdade dos Concelhos, uma propriedadede montado, situado a 10 km de Coruche e propriedade da autarquia local, mantém uma elevada biodiversidade com sobreiros, pinheiros mansos, giesta, alecrim, medronheiros, líquenes e cogumelos que fixam o solo evitando a erosão, proporcionam sombra e atraem abelhas, que produzem um maravilhoso mel nas colmeias instaladas no local. É uma das propriedades existentes na região que permitem esta maravilhosa interação entre o Homem e a Natureza. Do mo
ntado obtém-se a cortiça, um material com grande potencialidade. É elástica, leve, impermeável, hipoalergénica, bom isolador acústico e como é de combustão lenta é um bom isolador térmico. Pode ser utilizada para os mais diversos fins, desde vestidos e ténis a placas de revestimentos para naves espaciais.
Muito conhecidas são as rolhas de cortiça, aquelas que são retiradas inteiras da casca o sobreiro através de perfurações cilíndricas. E o resto, deita-se fora? Não. Na Amorim Cork Compo
sites, em Santa Maria da Feira, as sobras são utilizadas para fazer granulados que são agrupados em blocos, cilindros ou folhas.
A Drª Susana Cruz, uma das responsáveis do Observatório do Sobreiro e da Cortiça referiu que quando o sobreiro atinge os 25 anos ocorre o primeiro descortiçamento, sendo esta cortiça virgem a de pior qualidade. Posteriormente, a cada 9 anos, extrai-se a cortiça de melhor qualidade, a amadia. Sem danificar a árvore, é retirada então a casca da árvore em pranchas encurvadas, que são vendidas à indústria corticeira. Neste observatório, cuja fachada é totalmente revestida a cortiça, existem laboratórios dedicados ao estudo do sobreiro e da cortiça, um centro de documentação ligada a esta temática, salas de reuniões e um auditório dedicado a conferências.
A Engª Fátima Galhardo, vereadora da Câmara Municipal de Coruche, salientou que a autarquia realiza anual
mente a Feira Internacional da Cortiça (FICOR), na qual decorrem diversas atividades desde colóquios, exposições, desfiles de moda e
um concurso de fotografia de modo a unir esforços para valorizar a fileira da cortiça e a sensibilizar os visitantes para a importância do sobreiro e da cortiça para a economia nacional e para a proteção da biodiversidade.
É a valorização da cortiça que tem vindo a garantir a sustentabilidade do montado – os proprietários protegem este ecossistema e retiram dele rendimento não só em cortiça como em pecuária. Por outro lado, as aves, os mamíferos, os fungos sobrevivem, conservando-se a biodiversidade, regulando o ciclo da água, protegendo o solo e fixando elevadas quantidades de dióxido de carbono. Na Herdade da Machuqueira do Grou (concelho de Coruche), investigadores do Instituto Superior de Agronomia,
utilizam uma torre de 22 metros de altura, implantada em pleno montado, para medir as trocas de dióxido de carbono e água entre o ecossistema e a atmosfera. De acordo com o jornal “O Público” “por cada tonelada de cortiça produzida, há 73 toneladas de dióxido de carbono sequestradas. Ou, fazendo outras contas, um hectare destes sobreiros consegue sequestrar 14,7 toneladas de dióxido de carbono por ano”.
O sobreiro e o montado oferecem ao homem cortiça, mel, ervas aromáticas, espaços de lazer, bolotas das quais se obtém a farinha, cremes para a pele e alimentação dos animais. O Homem apenas tem que gerir a sua intervenção neste ecossistema de modo a garantir a sua sustentabilidade.
O sobreiro permanecerá, imponente no montado, a exercer a sua magia, o seu contributo para o bem-estar do Planeta Terra.
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