Brandas, Inverneiras e raça cachena

Brandas, Inverneiras e raça cachena
No cruzamento das serras da Peneda e do Gerês, às portas do Parque Nacional da Peneda – Gerês, encontramos pequenas aldeias conhecidas por Brandas. Estas aldeias são o testemunho de uma tradição agrícola e cultural de grande valor antropológico, que as torna muito especiais e singulares. Estes locais, onde a magia espreita em cada canto, onde a natureza parece intocável e onde o tempo passa mais devagar, já foram muito importantes, pois constituíram núcleos habitacionais temporários cuja origem se prende com a necessidade das populações utilizarem os pastos localizados na serra para alimentar o gado. No inicio da Primavera, as populações, deixavam as inverneiras, locais mais resguardados da agressividade climática da serra, e subiam para as brandas onde faziam as sementeiras e onde o gado
da raça Cachena, autóctone desta zona, encontrava alimento.

Raça Cachena

A Cachena é uma das espécies bovinas mais pequenas de todo o mundo, é originária da região do alto minho, sendo o seu ambiente preferido as serras da Peneda , Soajo e Amarela. A sua carne de sabor único e irrepreensível, resulta de uma homeostasia perfeita entre a forma como são criadas e as características da própria espécie. Estes animais faziam a transumância entre as brandas e as inverneiras para fugir aos rigores de cada estação. Esta espécie é criada em regime extensivo com características semi- selvagens.
Tudo parece perfeito, não fosse esta raça estar em perigo de extinção.
Nos prados verdejantes da Branda ainda se vem alguns exemplares destes animais que tentam ficar indiferentes à passagem dos turistas. A densidade populacional das brandas é reduzidíssima ou mesmo nula. Sendo usadas sazonalmente por turistas, isto associado com a poluição, com a destruição dos habitats torna esta espécie frágil e vulnerável ao desaparecimento.
É importante termos consciência da importância da preservação das espécies e dos seus habitats, é urgente reconhecer o valor económico destes animais e a riqueza natural destes locais.

Guilherme Dias