Góis: vila de gente acolhedora

Na vila de Góis, terça-feira é sinónimo de mercado. Várias são as pessoas que se deslocam à vila com mais de 900 anos de história, em busca de produtos frescos e acima de tudo, de um bom bocado para por a conversa em dia. Ainda assim, apesar de a maior parte da população ser idosa, vários são os locais onde os populares se encontram, confraternizam, debatem e acima de tudo, convivem saudavelmente, deixando escapar por entre o tempo a solidão.

Numa altura em que o envelhecimento da população portuguesa, a crise económica e a consequente diminuição do poder de compra são assuntos na ordem do dia, o cenário em Góis não poderia deixar de ser o reflexo do país. Todas as terças feira durante a manhã, a vila de Góis serve de cenário a uma feira tipicamente portuguesa, onde se pode encontrar uma grande diversidade de produtos como: peixe, enchidos, carnes, plantas, peças de vestuário e até mesmo animais. Ao longo do percurso da feira cruzam-se olhares, diferentes perspetivas de vida e desabafos sobre o dia-a-dia. Os habitantes de Góis, hospitaleiros por natureza mostram-se de uma forma geral satisfeitos com o desempenho da autarquia, mas apontam como principal falha, a falta de um recinto único e exclusivamente destinado à feira. Entre todos reina o sentimento de saudade, pelo facto de os seus filhos não encontrarem em Góis as oportunidades para um futuro melhor, sendo obrigados a deslocar-se para os grandes centros urbanos do país, ou até mesmo a emigrar para o estrangeiro.

Fig 1. Comerciante habitual na Feira de Góis

Em Góis encontramos pessoas de todo o mundo, algumas que se mudaram por opção, outras que passaram e foram conquistadas pela calma, tranquilidade e beleza natural do concelho. Maria Neves vende roupa na feira de Góis há quase 30 anos e destaca a falta de poder de compra da população, maioritariamente idosa, e menciona a Concentração de Motas em Góis como um motor capaz de dar um alento bastante positivo à economia da região. Refere ainda o rio Ceira, as paisagens de cortar a respiração, e acima de tudo, a pacatez e a segurança da vila. No que ao acolhimento diz respeito, Maria destaca o ambiente hospitaleiro e a simpatia dos goienses. Porém, apesar do seu contagiante sorriso, reina o sentimento de saudade, pelo facto de os seus filhos não encontrarem em Góis as oportunidades para um futuro melhor, sendo obrigados a deslocar-se para os grandes centros urbanos do país, ou até mesmo a emigrar para o estrangeiro. Retrato de um Portugal cada vez mais envelhecido e com grande falta de jovens.

Fig 2. Latiffa nasceu na Alemanha e estudou em Inglaterra.

O edifício que alberga a Câmara Municipal de Góis, era uma antiga casa senhorial do sec. XVII propriedade de uma família muito importante da localidade.

Apesar de discreta, Latiffa, de 46 anos, respira os ares de Góis há nove anos. Visitou Portugal e decidiu instalar e criar um Atelier. Este espaço é o seu local de trabalho, a forma de exprimir as suas emoções. É através das esculturas de ferro, que consegue exprimir a sua visão perante o mundo e as pessoas. As suas peças são vendidas ou expostas. Para além disso, esta repara fechaduras e chaveiros estando em harmonia com as pessoas que habitam Góis.

 

Fig 3. O concelho apresenta algumas infraestruturas de apoio ao turismo como o Loural Village e a algumas Aldeias de Xisto.

Mário Garcia, vice-presidente da Câmara Municipal de Góis, refere que o executivo camarário desenvolveu uma série de medidas e estratégias para melhorar a qualidade de vida dos sus munícipes. Destaca-se a implementação de uma rede de transportes públicos pelo concelho, até aqui inexistente, que tem tido uma boa adesão por parte dos habitantes.

A água que abastece os Goienses provém da nascente e a proveniente do saneamento é devidamente tratada através de ETARS, não existindo assim descargas nos cursos de água sem tratamento.

Uma das medidas que têm como objetivo implementar, é a criação de “mercados curtos” apostando na venda de produtos tradicionais da região e a melhoria do mercado já existente. Só com a concretização destas e de outras medidas previstas é possível dar os primeiros passos para o nascimento de uma economia atrativa com empregabilidade, e que a curto prazo pode contribuir para o aumento da população mais jovem no concelho.

O número de eleitores e habitantes em Góis é muito superior ao registado, pois existem pessoas que apesar de estarem a viver no concelho não estão registadas. O vice-presidente refere que os jovens estão a regressar à sua cidade natal, principalmente pela experiência de viver nas casas de xisto.

Mário Garcia afirma que desde há 3 anos, Góis deixou de usar nos seus espaços verdes públicos pesticidas e substâncias tóxicas, um processo difícil, o qual pode ser comprovado através da biodiversidade existente nas águas do rio, inigualável a outras zonas do território continental.
Em ano de eleições autárquicas, o balanço a fazer de toda a magistratura é bastante positivo. Em quatro anos, várias foram as medidas adotadas para uma melhor qualidade de vida dos seus habitantes.

Góis assume-se assim como um local cada vez mais procurado para o turismo do interior sendo um local único, que apesar de não ser para qualquer um é um destino especial que revela a segurança e a proximidade de toda a comunidade. Pessoas de fora contam que Góis é sem dúvida uma vila do inesperado, onde descobrir cada local e as suas particularidades é uma autêntica aventura.

Grupo 2

Beatriz Ribeiro, Jéssica Coutinho, Mafalda Gonçalves, Rúben de Matos