De que forma o Laboratório da Paisagem promove o cuidado pela floresta e geodiversidade?
O Laboratório realiza vários projetos na área da educação e da sustentabilidade ambiental, sendo muitas das atividades promovidas no projeto P2GREEN que integra os temas de investigação e desenvolvimento. Entre as ações delineadas faz parte a monitorização de espécies invasoras com o objetivo de as erradicar da nossa floresta, envolvendo as comunidades escolares e as empresas do concelho. O projeto “Guimarães mais floresta” lança o desafio de aquisição de árvores autóctones com o intuito de serem plantadas em zonas da cidade e sendo que o envolvimento de toda a comunidade, quer na conservação, quer na promoção do património natural de Guimarães é fundamental, a aplicação móvel Biodiversity GO! permite na nossa cidade a identificação de espécies de fauna e flora e é possível qualquer pessoa fotografar uma espécie, enviar para a base de dados a fotografia e com a participação cívica dos bolseiros de investigação alcança-se o nome cientifico da espécie encontrada. Com isto, temos a oportunidade de conhecer aquilo que encontramos ao nível da biodiversidade, nomeadamente, no que diz respeito a plantas nativas. Estão também identificados um conjunto de percursos, que têm inicio na montanha da Penha, nos quais estão sinalizados alguns focos relevantes de biodiversidade.
Em que projetos, o Laboratório da Paisagem já participou?
Temos participado em muitos projetos nomeadamente em relação à educação ambiental através do programa Pegadas, um programa desenvolvido a partir do Município de Guimarães, que o Laboratório da Paisagem coordena. É um desígnio a participação de todas as escolas do concelho neste projeto e demais que é inspirado no Programa Eco-Escolas com um mapa de duzentas atividades. Por outro lado, apostamos em investigação em conjunto com a Universidade do Minho, com quem produzimos ciência criando ideias que se podem importar para os nossos projetos e iniciativas complementadas com as parcerias conseguidas através das empresas municipais e nacionais.
As escolas e a Câmara Municipal de Guimarães têm promovido a educação para a sustentabilidade?
Muito. Como referi, o que nós temos feitos nos últimos dois anos é um programa com as escolas denominado de Pegadas com mais de quarenta parceiros que desenvolvem as atividades através das parcerias e com o Laboratório da Paisagem, que ajuda a fortalecer os conteúdos pedagógicos. É de notar o aumento do número das Eco-Escolas, em que passámos de treze para cinquenta, o que é um número muito positivo e demonstra que estamos numa fase em que queremos evoluir neste mesmo Programa desenvolvendo aplicações tecnológicas para inúmeras atividades pois o compromisso com a candidatura faz reforçar a importância destas atividades.
Como é encarado o impacto da Candidatura de Guimarães a Capital Verde Europeia 2020 a nível nacional?
O impacto é muito grande pelo facto de Guimarães ter modificado a mentalidade e o comportamento da própria comunidade. Não é só pelo objetivo de sermos candidatos ao prémio, mas este percurso é o mais fundamental, pois com tudo aquilo que temos feito, já nos podemos considerar vencedores. Este compromisso de abraçar a sustentabilidade, de conseguirmos tomar as decisões acertadas e preocupadas com ambiente em prol dos cidadãos e de melhorar a qualidade de vida dão à cidade uma nova vivência. Mais importante que o prémio, é o caminho, pois conseguimos contribuir para a melhoria do planeta, sendo uma cidade que dá cada vez mais sinais de qualidade de vida e de preocupação com a preservação.
Que tipo de ordenamento florestal possuímos em Portugal?
A nível local, a região do Minho e mais propriamente o concelho de Guimarães, possui noventa por cento de floresta privada e isto não facilita o ordenamento do território porque o que nós temos não é equilibrado. O que falta é equilíbrio e não podemos revelar fanatismo na proposta de um possível reordenamento do território. Tem de haver um equilíbrio a nível nacional, consoante o que é característico de cada uma das regiões, por exemplo, em Guimarães é trabalhado o minifúndio e por isso estamos perante pequenas florestas de privados, e este trabalho de ordenamento perdeu-se à muitos anos. Perdeu-se vigilância e o reaproveitamento dos recursos naturais em muitas zonas do país, deixou-se de trabalhar a terra e a paisagem por se ter desinvestido no setor primário e isso permitiu que deixássemos de ter a organização que precisamos.
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