A 11 de Abril de 2018 a National Geographic realizou o segundo encontro pela divulgação do conhecimento produzido pela ciência junto do público, das pessoas no geral. Desde 1888 que a National Geographic trabalha sobre esta missão, apoia projetos na área da investigação e da ciência.
O encontro trouxe ao coliseu dos recreios seis oradores, que vieram trazer histórias ilustradas das suas experiências para que pudéssemos compreender diversos fenómenos. Desenvolvi um interesse especial por com comunicar tudo o que têm haver com ciência e ecologia, tendo este segundo tema sido abordado por diversas vezes, dada a prioridade que os problemas ambientais tem sido elevados, pelo seu aumento em larga escala.
As filas de entrada eram enormes e as plateias foram-se aos poucos iluminando por uma rica diversidade de pessoas. Às 10h15 sob ao palco a apresentadora Catarina Furtado para dar início ao grande dia. Ouvimos umas breves palavras do diretor geral da National Geographicem Portugal, que realça a importância para a exploração, investigação, ciência e educação. São feitas as referências às parcerias e aos apoios e começamos finalmente a nossa viajem com recurso à imaginação no espaço.
Terry Virts sob ao palco e começa por nos familiarizar com o conceito de calendário cósmico, que perpetuado por Carl Sagan compara os 13, 8 mil milhões de anos desde o Big Ban aos 365 dias do ano. Assim, segundo o calendário, o sistema solar demora até 9 de Setembro para se formar, o planeta Terra até dia 30 desse mês, a era dos dinossauros vêm a 25 de Dezembro, a dos primatas a 30 e toda a história da humanidade se desenvolve nos últimos 21 segundos.
Depois, conta-nos como se tornou astronauta da NASA, como desde criança se fascinava por astronomia, como foi ser seleccionado depois das pessoas à sua volta dizerem que era demasiado novo, pouco inteligente e menos bonito que os restantes candidatos. As dificuldades encontradas nas missões que começou a fazer não o demoveram de prosseguir com o seu sonho mas hoje prefere dedicar-se a contar a sua história para que mais pessoas se possam sentir inspiradas a agir.
Terry alertou-nos para as desigualdades sociais, para a extrema pobreza, para as fotografias que tirou da Terra vista do espaço à noite, em que existem partes do globo onde moram milhões de pessoas sem electricidade: “à noite, víamos as luzes, que simbolizam riqueza”. Aquilo com que mais se identificava era com a captação e experimentação de olhar para a Terra, partilhou connosco que o aspeto mais importante era as pessoas conseguirem trabalhar em conjunto, a propósito dos desentendimentos da Rússia com Estados Unidos da América.
Após o término da sua apresentação, Catarina tem uma pequena conversa pública com o astronauta e ele deixa-nos o seu conselho: “não façam aos outros aquilo que não queriam que vos fizessem a vocês.”
Seguidamente chegou Maria Van Zeller que se apresentava nervosa por ser a primeira vez em que falaria directamente para um auditório cheio de gente. Tirou Relações Internacionais na Universidade Lusíada e ao fim do terceiro ano a candidatar-se e de uma conversa presencial na Universidade de Columbia em Nova Iorque, viu a sua candidatura aceite para ingressar na Licenciatura de Jornalismo, e aí, aprendeu a sua primeira lição: ter persistência. Foi lá que conheceu o atual marido, com quem tem vindo a viajar pelo mundo inteiro.
Uma vez que em Portugal já haveria iniciado a sua carreira como produtora para a SIC, realizou a sua primeira grande cobertura aos ataques do 11 de Setembro, fazendo as transmissões indireto para a Europa. Foi assim que começou a questionar-se sobre as motivações que levavam a determinadas ações. Depois de terminar o curso, quis perceber melhor o que estava acontecer na Síria com o início da guerra e a ocupação dos Estados Unidos, portanto mudou-se para Damasco onde deveria ter aprendido muito mais árabe do que o que aprendeu, uma vez que foi ter a uma cidade de festa onde fez muitos amigos. Um dos Sírios tinha algumas atitudes com as quais não concordava, mas ele era divertido e lembrava-lhe o rapaz brincalhão das salas de aulas pelo tanto que brincava com as crianças: assimilou a sua terceira lição enquanto jornalista: ter empatia. Começou as suas reportagens fotográficas depois de ter comprado uma câmara com dinheiro dos lucros da venda de tapetes Sírios pelos seus pais em Portugal, que ela e o marido lhes haviam enviado.
Enfim, a aventura na Síria tinha sido apenas o levantar de uma carreira que a fazia voar de sítio a sítio, passando pela selva na Amazónia, outra das experiências que nos contou. Foi com ela que aprendeu a sua terceira lição, a de correr riscos, e a de esse, ser o maior risco de todos.
Agora têm clara a importância do trabalho que desenvolve, sobretudo porque pode contribuir com a sua prespetiva feminina e têm clara a sua meta: “o meu objetivo é apenas dar um bocadinho mais de luz a lugares do mundo que eu acho que as pessoas precisam de conhecer.”
A terceira oradora da manhã, chamava-se Hyeonseo Lee e veio contar-nos como foi ter fugido da Coreia do Norte e estar agora a viver com a liberdade de qualquer outra pessoa no mundo.
Na Coreia do Norte vivia sobre propaganda, literalmente. Deveria fazer o culto da personalidade ao presidente e odiar os americanos. Foi crescendo, e depois de ver o pai sacrificar-se e quase morrer para salvar a imagem do ditador e descobrir a fome entre 1990 e 2000 questionou a boa conduta do governo norte coreano. Aos 17 anos depois de ter conseguido apanhar os canais estrangeiros vindo da China, apesar de ser proibido, decidiu fugir do país, pensou que ficaria apenas uma semana fora e depois regressava: “atração pelo mundo lá fora levou-me a atravessar a fronteira.”
Acabou por ficar bastante tempo, escapou do bordel onde havia arranjado emprego, descobrindo que era essa a realidade que todas as desertoras encontravam na China: os traficantes de pessoas para o negócio do sexo eram os que estavam à sua espera, e de todos os outros fugitivos. Caso fossem apanhados pelos oficiais do governo, eram enviados novamente para o país.
Mais tarde pediu exílio para a Coreia do Sul, planeou a fuga da sua família, que conseguiu voltar a ver passados muitos anos. Atualmente conta tudo pelo que passou e sonha vir a ocupar um cargo onde possa prestar apoio a todos e a todas as desertoras da Coreia do Norte.
Uma pausa para almoço que nos deu margem para ver alguns livros e demais espaços comerciais que se encontravam no edifício do coliseu dos recreios, para que à tarde, voltássemos com energia suficiente e pudéssemos compreender o que os três últimos oradores tinham preparado para nos oferecer.
Ouvimos Charlie Hamilton James a falar sobre biodiversidade e sobre a sua paixão por animais. Sobre como na praia preferia ficar a seguir as pegadas das lontras até encontrar algumas que possa fotografar. Mostrou-nos abutres, explicando-nos como se haviam tornado a espécie em mais rápido declínio do nosso planeta e exemplificando com alguns povos africanos que os matam, comem o seu cérebro e acreditam que depois do ritual, ficam a conseguir prever o futuro.
Um fotojornalista apaixonado por fotografia, conservação e natureza que há poucos anos comprou um terreno de 100 hectares no Parque Nacional Manú, no Perú com vista a proteger o lugar por ser “o que maior biodiversidade apresenta.” Depois de descobrir uma plantação ilegal de coca quis perceber como viviam as pessoas dali. Para ele, antes desta experiência “livrar-se das pessoas era sempre a solução” mas depois, começou a perceber que “os ricos ficam zangados com os pobres por usarem a única coisa que têm para sobreviver”.
Adjany Costa veio a seguir, personificando os sonhos que se tornam em realidade. Venceu o título de exploradora emergente e tudo começou quando embarcou numa aventura tola com os seus amigos homens. Viajou por 141 dias, em três países da África, um dos quais Angola.
Queria percorrer a água, conhecer, observar como os hipopótamos de diferentes zona reagiam aos seus estímulos, aproximar-se da vida selvagem, apesar de ter muito medo de corcodilos.
Esta viajem levou-os a identificarem mais de mil espécies, para atualmente ser uma bióloga marinha prestigiada, a realizar o doutoramento em proteção da biodiversidade marinha angolana.
Por fim tivemos a surpreendente Sylvia Earle, defensora da máxima “deixar as mulheres terem uma experiência em navios”. Uma mulher que navegou com mais de 60 homens, mergulhou e viu coisas fantásticas lamenta-se por termos milhares de aviões nos céus e tão poucos submarinos capacitados.
Falá-nos sobre as suas preocupações com o aquecimento global e a morte dos recifes de coral, mas diz-nos “metade dos corais ainda estão de boa saúde.” Alerta para os acontecimentos que surgem numa parte do mundo, mas têm consequências para a oposta. Mostra-nos que se trata de respeitar os sistemas naturais, que há uns anos atrás não sabíamos o que provocava colocar plásticos e outros lixos no mar, mas agora sabemos.
No início tinha medo de nadar perto dos tubarões mas depois percebeu que não era ela que fazia parte do seu menu, mas sim eles, caçados e torturados para consumo humano, não sendo apenas a sopa ou a barbatana. Mas agora, já há crianças no Japão a sensibilizarem os pais para esta questão, antes nós admirávamos os caçadores de baleias mas agora reconhecemos uma estrutura social na espécie, quase que compreendemos a sua comunicação e sabemos o que temos a aprender com elas.
Por isso inicia a sua conclusão em que explica que o que temos a fazer é descobrir como poderemos existir neste universo, encontrando um lugar para nós sem acabar com o sistema.
Ficamos a saber também que de todos os planetas existentes, a Terra é o preferido de Terry, que de todas as espécies existentes, a humana é a preferida de Charlie. No fundo ao longo do dia repetiu-se “o importante são as pessoas”, mas preservar as pessoas significa preservar a Terra e viver em harmonia com os restantes ser vivos com que partilhamos este espaço.
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