Paul da Tornada, Um Tesouro de Biodiversidade

Um refúgio para a vida selvagem, uma zona húmida que reflete uma grande abundância de biodiversidade, um ecossistema que esconde os refúgios das espécies residentes e das espécies migratórias. É assim que é visto o Paul de Tornada, sítio que merece ser conhecido.

Paul da Tornada: o que é?

Na freguesia da Tornada, a 4Km das Caldas da Rainha, emerge a Reserva Natural do Paul de Tornada, com uma dimensão de 45 hectares, dos quais 25 submersos, devido à convergência de cursos de água que levam ao alagamento durante todo o ano.

Poderia pensar-se que este sítio se trata de uma lagoa. Na verdade, um paul e uma lagoa são exemplos de zonas húmidas mas distinguem-se na sua morfologia e nas suas características mais particulares. Uma lagoa caracteriza-se por ser uma massa de água profunda circunscrita, enquanto um paul exibe maiores dimensões em área devido ao vasto conjunto de rios e ribeiros que alberga e os seus níveis ­­de água oscilam consoante a época do ano.

Importância do ecossistema

Por se tratar de uma zona de transição entre ambiente aquático e terrestre, são conferidas ao Paul características únicas responsáveis pela sua grande biodiversidade. O Paul da Tornada é o habitat de diversas espécies, com especial destaque para aves como o galeirão (Fulica atra), espécie bastante predominante e o caimão (Porphyrio porphyrio), espécie que se encontra em vias de extinção no sul da Europa. Outros animais também habitam no local, como o cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis), também este em perigo devido ao cágado-comum (Mauremys leprosa) que se tem sobreposto à espécie e, finalmente, a lontra que, apesar de existir um número considerável de indivíduos, a sua observação por parte dos visitantes é bastante difícil. É através de vestígios como pegadas e excrementos que se pode afirmar que esta espécie habita neste local.

Esta zona serve também de habitat temporário para certas espécies migratórias tais como a garça-vermelha (Ardea purpurea) e o corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo). Como espécie invasora mais significativa destaca-se o lagostim-vermelho-do-Louisiana, introduzido em Espanha por pescadores que o usavam como isco e rapidamente se expandiu, sendo agora uma grande ameaça para alguns anfíbios do Paul, nomeadamente para a rela, uma vez que o lagostim se alimenta dos ovos desta espécie.

As lentilhas de água ocupam a maior parte da superfície de águas paradas, e podem até parecer agentes poluidores deste meio, no entanto logo esta espécie contribui para a regulação do bom funcionamento e qualidade da água.

Divulgação e sensibilização

A associação PATO e o GEOTA (ambas Organizações Não-Governamentais de Ambiente) gerem o Centro Ecológico Educativo do Paul da Tornada, contando com o apoio da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, com o intuito de promover atividades didáticas, tais como saídas de campo ao Paul, visitas de estudo, peddypapers, ateliers e organização de festas de aniversário. Por poderem aliar a conservação da natureza à dinamização das atividades da população, os colaboradores sentem-se realizados por estarem envolvidos num projeto como este.

Ameaças

Junto das valas do paul ainda se observam alguns vestígios por parte do homem, no entanto, este local tem sido alvo de campanhas de limpeza que ainda não surtiram os resultados pretendidos, devido à ausência de meios tecnológicos e humanos.

Outro problema que ressalta à vista, e em consequência das condições climáticas do verão do presente ano, verificou-se um período de seca, fazendo com que o nível da água não subisse. Contudo, espera-se que este volte a aumentar com as chuvas de inverno.

Apesar do desconhecimento generalizado por parte da população da importância deste local, o paul apresenta as características ideais de uma reserva natural, que merecem o reconhecimento e a sua valorização pois trata-se de um local que alia a conservação da natureza ao prazer de poder estar em contacto com a vida selvagem.