Numa altura em que se discute a pertinência da legislação de proteção ao património paleontológico, a Sociedade de Historia Natural (SHN) enceta esforços na Serra do Bouro, para a preservação dos fossilizados e sensibilização da população.
Com 25 géneros de dinossauros, Portugal é o sétimo país com a maior diversidade de fosseis. Destes, a maior parte foi descoberta entre Aveiro e Setúbal, o que, considerando a dimensão do País, faz com que seja provavelmente o mais rico em fosseis de dinossauros a nível Europeu, no que respeita ao Jurássico Superior.
Os primeiros a serem descobertos, em 1947, também existem na América do Norte, podendo comprovar que os continentes já foram um só e depois de separados poderão ter mantido episodicamente uma ponte de ligação.
Entre 2009 e 2010, foram tomadas novas investigações a cargo da SHN para prosseguir novas descobertas, obtendo grandes resultados, entre eles pegadas e seres-vivos fossilizados, alguns bivalves, dinossauros dos grupos dos Estegossauros e Saurópodes.
Bruno Camilo Silva, paleontólogo e diretor do Laboratório de Paleontologia e Paleoecologia da SHN, salientou que estão a decorrer novas investigações na Serra do Bouro.
Corina Melo, do Departamento de Educação e Formação da SHN e professora de Biologia e Geologia, manifesta a sua preocupação em relação à fácil remoção deste património paleontológico, sem quaisquer custos ou consequências.
Segundo esta “para além de ser uma falta de respeito pelo património”, não existe qualquer medida legal que proíba qualquer individuo de ir ao terreno e remover fósseis, ou outro tipo de vestígios dos animais terrestres e marinhos há muito extintos.
Os estudos dos paleontólogos desempenham um papel importante no conhecimento das transições que ocorreram na Terra ao longo de milhões de anos, e muitos destes conhecimentos só foram possíveis graças aos fósseis que nos dão várias pistas, sendo que para os seres vivos que lhe deram origem evoluírem ter-se-ão alterado, várias vezes, as condições de vida no planeta. Com o tipo de rochas e fósseis encontrados na Serra do Bouro, pode-se deduzir que o clima nesta zona seria tropical ou subtropical aquando do período Jurássico Superior.
Descobertas como esta, só são possíveis devido à preservação e ao trabalho desenvolvido por instituições como a SHN. Todavia, ainda existe a necessidade de sensibilizar as gerações correntes e futuras, quanto à importância deste património, reduzindo situações de usurpação de fósseis para fins domésticos.
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