Como Portugal está a passar por uma transformação estrutural da sua economia, o principal desafio da política pública é o estabelecimento de uma economia com baixo nível de carbono e amiga do ambiente. O Governo Português está atualmente a desenvolver um Compromisso para o Crescimento Verde, que visa cumprir três objetivos principais até 2020:
• Posicionar Portugal como um líder em crescimento verde;
• Promover uma economia de baixo carbono, altamente eficiente na utilização dos recursos;
• Produzir mais riqueza e emprego através do investimento na sustentabilidade das indústrias e territórios.
A vida humana e as suas organizações mais complexas, as cidades, vêem-se ameaçadas pelo aumento das incertezas da resposta da Terra aos impactos do Homem e das suas actividades. Os sistemas que maior impacto provocam aos ecossistemas da Terra são, sem dúvida, as cidades. Assim, surge a necessidade de encontrar uma estratégia que não se baseie num consumo de recursos e cujo modelo de organização urbana reduza o impacto produzido sobre os sistemas terrestres.
Surgem assim, os conceitos de “sustentabilidade urbana” e de “desenvolvimento urbano sustentável” não têm carácter universal mas variam de acordo com as comunidades, com as suas realidades económicas, sociais e ambientais, com os seus valores e atitudes ligados às suas características culturais.”
Face ao exposto, os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) criaram uma rede denominada “Ecovia” nos finais da década de 90. Esta rede era constituída por seis parques de estacionamento periféricos, destinados exclusivamente a automóveis ligeiros, e por vários mini autocarros, com capacidade para 16 passageiros e condições idênticas às de um automóvel particular, que faziam o transporte dos utilizadores desde os parques até zonas mais interiores da cidade, diminuindo assim a circulação de automóveis nestas zonas, e consequentemente a emissão de gases poluentes que afetam tanto o património natural como o histórico, bastante presente nestes pontos da cidade.
Esta alternativa demonstrava ser bastante viável e de baixo custo, uma vez que por apenas 1,75€ os utilizadores tinham direito a um dia de estacionamento com segurança e dois bilhetes para o mini bus, que realiza o percurso para os pontos mais problemáticos da cidade relativamente ao trânsito (baixa e Polo I da Universidade de Coimbra) de forma rápida e direta, tendo ainda a oportunidade para ler o Diário de Coimbra gratuitamente.
Apesar de todos estes benefícios, e da sua rápida expansão inicial, o projeto não teve o sucesso que se esperava, e acabou por ser terminado pela Câmara Municipal de Coimbra no dia 1 de Janeiro de 2006, tendo esta decisão sido justificada pelo presidente Carlos Encarnação pelo facto de não ser viável manter um serviço que transporta algumas pessoas apenas na primeira viagem da manhã, na última da tarde e à hora do almoço, afirmando que as várias diligências feitas para chamar os utentes ao serviço, se revelaram um falhanço total, o que resultou num prejuízo avultado, avaliado em cerca de 5.2 milhões de euros.
O prejuízo por si só não deveria ser a razão da extinção de um mecanismo inovador e económico, visto ser um serviço de natureza deficitária, e que oferecia alternativas ao uso do transporte particular.
A implementação da sustentabilidade urbana implica a melhoria da qualidade de vida e a redução dos impactes ambientais das cidades, quer ao nível da produção de resíduos, quer do consumo de recursos externos à cidade. O processo para a criação de cidades sustentáveis assenta na criatividade e na mudança, pondo em causa a acção tradicional das autoridades, procurando novas competências e relações organizativas e institucionais. Assim, o sonho da cidade do futuro persiste, ainda longínquo, percorrendo caminhos que exigem longas e consequentes caminhadas.
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